Veneza convidou-os para instagramar a Bienal
Ana Sampaio Barros e Guilherme da Rosa (perdão, @anasbarros e @gui_) são arquitectos e, durante alguns dias, dois dos 22 "InstaReporters" oficiais da 55.ª Bienal de Veneza
Não se consideram artistas e não chegaram a Veneza a bordo de um cacilheiro — viajaram num vagão cama no comboio que liga Viena, na Áustria, à estação de Santa Lucia. Mas juntos, os portugueses Ana Sampaio Barros e Guilherme da Rosa (perdão @anasbarros e @gui_) têm cerca de 260 mil seguidores no Instagram. E isso faz deles "Insta-celebridades", a par de nomes como Obama, Bon Iver e Lady Gaga, mas também ao lado de nomes "de carne e osso" como @moneal @koci e @thiswildidea. E transforma-os em dois dos 22 "InstaReporters" oficiais da 55.ª Bienal de Veneza.
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Não se consideram artistas e não chegaram a Veneza a bordo de um cacilheiro — viajaram num vagão cama no comboio que liga Viena, na Áustria, à estação de Santa Lucia. Mas juntos, os portugueses Ana Sampaio Barros e Guilherme da Rosa (perdão @anasbarros e @gui_) têm cerca de 260 mil seguidores no Instagram. E isso faz deles "Insta-celebridades", a par de nomes como Obama, Bon Iver e Lady Gaga, mas também ao lado de nomes "de carne e osso" como @moneal @koci e @thiswildidea. E transforma-os em dois dos 22 "InstaReporters" oficiais da 55.ª Bienal de Veneza.
Nem todos os portugueses vão chegar à Bienal de cacilheiro…
Gui — Pois não, nós chegámos de vagão cama no comboio nocturno que liga Viena à estação de Santa Lucia. O convite chegou-nos através do Instagram para um Instameet organizado pelos Igers Itália e patrocinado por "Venezia Da Vivere".
Qual a vossa missão em Veneza?
Ana — A nossa missão é a de fazer de Instareporters o que é novo para nós, pois entendemos o Instagram mais como um reflexo do nosso dia-a-dia. O objectivo é fazer desta viagem uma reportagem fotográfica em tempo real dos eventos da semana inaugural da bienal de arte. Não vamos, no entanto, estar sozinhos nesta missäo: vieram de todo o mundo 20 "instareporters", uns fotógrafos, outros "bloggers" e outros como nós, ávidos utilizadores do Instagram que vão assistir e participar em vernissages, desfiles de moda, e respectivas festas… enfim uma chatice.
Sentem de que alguma forma vão representar Portugal?
Gui — Não. Até porque à frente dos nossos nomes na lista de convidados estava escrito "Viena". E de facto as nossas contas retratam as nossas peripécias em terras do Schnitzel e da Princesa Sissi. Mas, na minha opinião as nossas imagens representam o nosso olhar que é invariavelmente português.
Um IGer é um artista?
Ana — Alguns são, mas já o eram antes do Instagram. Eu não me considero uma artista, sou acima de tudo arquitecta. A aplicação tornou apenas mais rápido e imediato a conexão entre fazedor de imagens e o seu público, por outro lado não descarto a importância do IG como fonte de inspiração, quando se encontra alguém com talento real é muito inspirador e faz-nos também querer contribuir fazendo mais e melhor.
De que forma é que o Instagram pode mudar a vida?
Gui — No meu caso, sendo uma pessoa reservada, fez-me partilhar mais das minhas imagens, estar mais tempo online e seguir em tempo real eventos de importância internacional ou apenas as viagens de "amigos" à volta do mundo.
Ana — Eu sou mais extrovertida, já estava a maior parte do tempo online e o IG foi mais uma forma de me conectar com o mundo. Há dois anos quando partilhei a minha primeira fotografia, nunca imaginei que o meu número de seguidores iria chegar a quase 200 mil. Hoje não tenho mãos a medir, chegam convites de todo o lado e as 24 horas do dia não chegam para tudo o que me é pedido. Já produzi imagens para uma campanha da Mercedes, colaboro com a Casetagram, colaboro com marcas de moda, participo em livros e surgem convites para exposições... Sim, confirmo, a minha vida mudou.
Como é o vosso verdadeiro dia-a-dia?
Gui — O verdadeiro dia-a-dia passa pela bicicleta e pela arquitectura, as muitas horas no escritório consomem-me a maior parte do dia mas com sorte captura-se um momento ou outro quando se pedala para o trabalho ou se passeia na hora do almoço.
@anasbarros surge ombro a ombro com Obama, Bon Iver, Lady Gaga e está no grupo de "instaphotographers you should follow 2013" ao lado de nomes como @moneal, @koci, @adamjoelsmith, @thiswildidea. Sentes-te uma celebridade?
Ana — Não, de todo. Conheces alguma celebridade que passa nove horas por dia (às vezes mais) a desenhar detalhes construtivos? O Instagram é uma pequena parte da minha vida, a outra face, é como eu costumo dizer uma "Second Life", mas que me dá um retorno incrível. Sinto-me uma privilegiada, isso sim, até porque dá-me a oportunidade de falar de igual para igual com verdadeiras celebridades ou verdadeiros artistas que eu realmente admiro.
Juntas as vossas contas têm mais de 260 mil seguidores e há uma "miúda" nova na família…
Ana — [risos] A @miudafrenchie [uma cadela], ela sim a verdadeira celebridade lá de casa, um sucesso na vida real e uma estrela em ascensão no IG, o número de seguidores na família vai por certo aumentar. Mas de facto é um número assustador para quem subestima o poder das redes sociais. Este número é também fruto de sermos dois dos 220 utilizadores sugeridos pela própria aplicação — o que num universo de 100 mil milhões de utilizadores nos deixa muito lisonjeados.
Vão pedir boleia de volta a Portugal à Joana Vasconcelos?
Gui — Gostaríamos por certo de aproveitar a oportunidade para conhecer uma artista que ambos admiramos. Estamos expectantes para ver o cacilheiro bem português atracado em Veneza. Mas não vamos voltar para Portugal, até porque o que esta aplicação nos mostrou é que temos de estar abertos às oportunidades de uma interacção global. Viena trata-nos bem e ao fim ao cabo o mundo cabe num telefone.