Magic Mike
É o filme para pôr ao lado de Confissões de uma Namorada de Serviço (2009), já que a biografia do actor Channing Tatum, a sua experiência como stripper, serve aqui, como aconteceu ao corpo de Sacha Grey (fotógrafa, actriz porno, escritora) naquele outro filme, de veículo para uma observação dos rituais do sexo e do comércio. Mas enquanto na “versão feminina” Soderbergh sufocava o cinema com uma pretensão experimental e ensaística da qual não se desembaraçava (supomos que queria fazer o seu Vivre sa Vie - Godard, 1962), na “versão masculina” há um desejo de stripping, de facto, mas quem ameaça despir-se é o realizador: uma simplificação, como se escutasse o despojamento do classicismo. Menos do que um filme “sobre o sexo”, Magic Mike pode ser então um exemplar de melodrama de rendenção, com a personagem de Tatum a vestir o molde uma experiência americana, tal como, no passado, os (anti-)heróis de filmes de gente tão diferente como Nicholas Ray ou Richard Brooks (em versão lírica), Martin Scorsese ou Paul Schrader (em versão de catarse) tentavam o “regresso a casa” após a experiência do mundo. Se isto é assim, mais frustrante é sentir como Soderbergh é incapaz de se entregar às personagens e às relações que elas pedem como se nem se desse ao trabalho de escutar a vibração que o seu próprio filme lançou - o jogo de poder e as passagens de testemunho entre o grupo e strippers, por exemplo, ou a amizade entre Channing Tatum e Alex Pettyfer e o triângulo com Olivia Munn, tudo isso é apenas esboço, preparação para algo que parece ter cansado logo o, por isso aborrecido, Soderbergh.
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É o filme para pôr ao lado de Confissões de uma Namorada de Serviço (2009), já que a biografia do actor Channing Tatum, a sua experiência como stripper, serve aqui, como aconteceu ao corpo de Sacha Grey (fotógrafa, actriz porno, escritora) naquele outro filme, de veículo para uma observação dos rituais do sexo e do comércio. Mas enquanto na “versão feminina” Soderbergh sufocava o cinema com uma pretensão experimental e ensaística da qual não se desembaraçava (supomos que queria fazer o seu Vivre sa Vie - Godard, 1962), na “versão masculina” há um desejo de stripping, de facto, mas quem ameaça despir-se é o realizador: uma simplificação, como se escutasse o despojamento do classicismo. Menos do que um filme “sobre o sexo”, Magic Mike pode ser então um exemplar de melodrama de rendenção, com a personagem de Tatum a vestir o molde uma experiência americana, tal como, no passado, os (anti-)heróis de filmes de gente tão diferente como Nicholas Ray ou Richard Brooks (em versão lírica), Martin Scorsese ou Paul Schrader (em versão de catarse) tentavam o “regresso a casa” após a experiência do mundo. Se isto é assim, mais frustrante é sentir como Soderbergh é incapaz de se entregar às personagens e às relações que elas pedem como se nem se desse ao trabalho de escutar a vibração que o seu próprio filme lançou - o jogo de poder e as passagens de testemunho entre o grupo e strippers, por exemplo, ou a amizade entre Channing Tatum e Alex Pettyfer e o triângulo com Olivia Munn, tudo isso é apenas esboço, preparação para algo que parece ter cansado logo o, por isso aborrecido, Soderbergh.