Lígia Duro, capas de livro através de programação
Através de um processo de design generativo, a autora recriou três obras de Eça de Queirós e uma colecção da editora Fenda
E se a capa de um livro fosse a representação gráfica de todo o seu conteúdo? A proposta — ainda sem previsão de uma edição real — é de Lígia Duro, que, a partir de um processo de design generativo, transformou três obras de Eça de Queirós numa espécie de código de barras.
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E se a capa de um livro fosse a representação gráfica de todo o seu conteúdo? A proposta — ainda sem previsão de uma edição real — é de Lígia Duro, que, a partir de um processo de design generativo, transformou três obras de Eça de Queirós numa espécie de código de barras.
O projecto Graphic Narratives: Generative Book Covers faz parte da tese final de mestrado de Lígia Duro em Design e Multimédia da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade de Coimbra (sob orientação de Penousal Machado e Artur Rebelo), e tem como principal propósito “investigar novas possibilidades criativas no campo do design de capas de livros partindo de processos de design generativo”, contou ao P3.
“Este tipo de processos, no fundo, a introdução da programação no processo criativo do designer gráfico, veio expandir as possibilidades criativas na construção de metáforas visuais”, explica Lígia Duro, que participou no festival Future Places em 2011 com o trabalho Abstract Ocean Waves.
Numa das linhas gráficas Lígia utilizou como base de trabalho três obras de Eça Queirós (“A Cidade e as Serras”, “Os Maias” e “O Crime do Padre Amaro”) cujas capas mostram uma representação gráfica dos capítulos (na vertical) e a duração dos mesmos (na horizontal).
“Recorremos à programação para verificar o número de capítulos de cada livro e a sua respectiva dimensão. Em seguida, é escolhido um modelo gráfico e são gerados os artefactos visuais. Esses artefactos são então usados como base para a construção final das capas. Como a adição de cor não introduzia significado no resultado final optou-se pela escolha minimalista do preto e branco”.
Numa outra etapa do processo de cruzamento entre programação e composição tipográfica, a autora deu uma segunda vida a uma colecção de livros da editora Fenda.
Este trabalho (ainda) é ficção. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.