Há pequenos aliens nas ruelas e recantos da Capital
O P3 passou uma tarde em velocidade "fast forward". Percorremos Guimarães e tropeçámos em espaços criativos mais ou menos oficiais. "Os que se acanharam vão sair do armário em 2012"
Rua Padre Augusto Borges de Sá. CAAA. Pronuncie-se como se pronunciar, ficamos sempre de boca aberta quando chegamos à antiga fábrica têxtil e novo Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura. O projecto foi um dos primeiros a aterrar na Capital Europeia da Cultura. Mas há outros pequenos aliens em Guimarães.
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Rua Padre Augusto Borges de Sá. CAAA. Pronuncie-se como se pronunciar, ficamos sempre de boca aberta quando chegamos à antiga fábrica têxtil e novo Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura. O projecto foi um dos primeiros a aterrar na Capital Europeia da Cultura. Mas há outros pequenos aliens em Guimarães.
Apresentar o CAAA é fazer um retrato robot dos seus nove associados: Ricardo Areias e Maria Luís Neiva (arquitectos), Eduardo Brito e Carlos Lobo (fotógrafos), Joana Gama (pianista), Rodrigo Areias (cineasta), João Carvalho (designer), Luís Ribeiro (artista plástico) e Gustavo Cunha Ribeiro (advogado).
O CAAA é “Reimaginar Guimarães” e esperar pela visita de John Cage. É “redescobrir a cidade e o seu orgulho”, disse ao P3 Luís Ribeiro. “Sem artistas a cidade não existia”. “De repente já não temos que fugir de Guimarães, aquele sítio onde não se passa nada”, completa Carlos Lobo.
E a cidade existe. Basta espreitar pelo buraco da fechadura. Nos dias 1 e 2 de Outubro de 2011, o evento Guimarães noc noc (que resultou na associação cultural Ó da casa) abriu muitas portas. “Das pessoas que participaram na mostra artística informal, cerca de 200 pessoas são de cá. E 200 pessoas é muita gente. Os que se acanharam vão sair do armário em 2012”, contabiliza Adriana Miranda Ribeiro.
É fácil passar uma tarde de boca aberta em Guimarães. Desta vez, trocámos a malga de vinho e os petiscos do Júlio pela vista do espaço Cor de Tangerina (Largo Martins Sarmento), lambuzamo-nos na confeitaria Clarinha (Toural) e escapulimo-nos até ao pátio romântico da galeria Lucília Guimarães (basta pedir licença) depois de um café no Terra de Ninguém (ambos na rua do Retiro).
Low cost, high art
Espreitámos a montra (ilustração de Filipe Santos) da Desfigura, loja de artesanato urbano e workshops (rua Dr. Avelino Germano, n.º 81), cobiçámos as peças da Gata do Laço (rua da Rainha, n.º 81) e espreitámos o cartaz do S. Mamede (seis euros = prato de carne ou prato de peixe e diária de cultura), que há dias voltou a receber as sessões do Cineclube (3,50 euros cota mensal e sessões gratuitas). Tradição.
“Não somos concorrentes do [Centro Cultural] Vila Flor. Temos uma relação saudável, somos complementares. Dividir o público não é uma estratégia”, explicou Miguel Carvalho em plena sala de espectáculos (680 pessoas sentadas).
Carlos Mesquita, que por acaso é presidente do Cineclube (imperdível, Largo da Misericórdia), recomenda “o Toural”. Todo. “Tornamo-nos malandros no Toural”. E “os recantos com luzes e sombras, as ruelas onde não há pessoas com o copo na mão à espera que algo aconteça”.
Aventurámo-nos por um desses recantos. Rua Dr. Bento Cardoso. Claustros da igreja S. Sebastião. Espreitámos pela fechadura do Centro Infantil e Cultural Popular (CICP). Não se deixem enganar pelo nome. Boca aberta.