Simplesmente Rudolfo
Carrega uma mochila pequena e uma carreira musculada. É um cromo da banda desenhada. Com muito gosto
A mochila do Rudolfo parece o saco do Sport Billy. De lá saltou a musculada carreira desta “personagem suprema” com 20 anos de idade: a primeira fanzine “Alto e Pára o Baile”, a compilação “Primórdios” (“já chega de fazer BD sobre lixo mental”, decidiu), as colaborações com a Chili com Carne, os primeiros dois números da antologia internacional trimestral “Lodaçal Comix”, os esboços da aventura “666 Hardware”, as serigrafias que escondem os CDR com os sucessos hate beat do Vampiro do Gueto...
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A mochila do Rudolfo parece o saco do Sport Billy. De lá saltou a musculada carreira desta “personagem suprema” com 20 anos de idade: a primeira fanzine “Alto e Pára o Baile”, a compilação “Primórdios” (“já chega de fazer BD sobre lixo mental”, decidiu), as colaborações com a Chili com Carne, os primeiros dois números da antologia internacional trimestral “Lodaçal Comix”, os esboços da aventura “666 Hardware”, as serigrafias que escondem os CDR com os sucessos hate beat do Vampiro do Gueto...
Decifrá-lo é quase tão complicado como arrancar o Magical Otaku do sofá. “Rudolfo é muito profundo e é sinónimo de assuntos sérios”, diz o próprio, com ar de muitos amigos.
“Rudolfo é a criação de alguém que passou muitas horas a jogar Pokémon e que levou porrada na escola... vítima de 'bullying'. Tem a fase do 'teen angst' que gosta de irritar, mas às vezes gosta de profetizar de formas obscuras e incompreensíveis”, descreveu-se ao P3.
Rudolfo, “cromo da banda desenhada”, só é um assunto sério porque sabe o que quer. Quer “sobreviver a fazer bonecos”. Não tem cunhas, mas tem unhas. “Tudo o que fiz foi por mérito próprio”. Aos 16 anos participou num concurso, ficou em oitavo lugar e arranjou uma depressão. “Se eu não me editar, quem editará?”
Começou às voltas com as fanzines aos 16 anos e hoje dá voltas ao mundo à procura de pérolas para a sua recente criação, Lodaçal Comix. “Há quem diga que eu não tenho qualquer talento. E a verdade é que não tenho. Mas trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho. Se for preciso estou 24 horas a debruçar-me sobre uma ideia”.
Inventor do "hate beat"
As suas referencias perdem-se entre a viseira do Kamen Rider e as pegadas do Godzilla, entre a segunda vaga de videojogos e as capas épicas de heavy metal. O resultado “são proteínas”, é um processo de degustação de muitas imagens”. São “bonecos feios e deficientes, bonecos grotescos, mas todos eles com sentimentos. Apetece fazer-lhes festinhas...”
O inventor do “hate beat” já quis ser “cientista ou astronauta” e só deixou de ser “o puto chunga” quando descobriu o universo Pokémon. Odeia “muita coisa” e daí surgiu a sua veia musical, o alter-ego Vampiro do Gueto e o 8bit, perdão “hate beat”, um estilo eléctrico e pouco métrico que respira “breakcore”, “chiptune” e Gameboy – e anda um pouco do Casio Rapman, prenda do pai.
“Passei muitas horas a jogar Super Mário e Comix Zone e isso influenciou tanto os meus desenhos como a minha música”. A sua música é um jogo do gato e do rato, é achar que “ser pomposo é melhor do que ser odiado”. É ter conteúdo lírico, é rimar cantor com gladiador, aspirador ou castor. É virar-se para o colega do lado e apostar: “Vais ver, até ao final da aula vou escrever dez letras, tudo parvo”.