Daqueles momentos intimidantes do cinema de Mike Leigh - a intimidade nua e crua que se agiganta perante o espectador - só resta a abertura, participação especial de Imelda Stanton. Não há mais nada assim em "Another Year", e o filme parece até ir traindo esse momento destemido, vergando-se a algo de conhecido. É um Mike Leigh em formato estabilizado, como segura é a casa, com jardim inglês, dos sábios (tão irritantemente estáveis...) Tom e Gerri (Jim Broadbent e Ruth Sheen), por onde passam Mary e os seus desastres (Lesley Manville), Ken e o seu álcool (Peter Wright) e os calorosos e apaixonados Joe (Oliver Maltman), o filho de Tom e Gerri, e Katie, a namorada (Karina Fernandez). "Irritantemente" porque Leigh não questiona a estabilidade e a dá por adquirida.

Daqueles momentos intimidantes do cinema de Mike Leigh - a intimidade nua e crua que se agiganta perante o espectador - só resta a abertura, participação especial de Imelda Stanton. Não há mais nada assim em "Another Year", e o filme parece até ir traindo esse momento destemido, vergando-se a algo de conhecido. É um Mike Leigh em formato estabilizado, como segura é a casa, com jardim inglês, dos sábios (tão irritantemente estáveis...) Tom e Gerri (Jim Broadbent e Ruth Sheen), por onde passam Mary e os seus desastres (Lesley Manville), Ken e o seu álcool (Peter Wright) e os calorosos e apaixonados Joe (Oliver Maltman), o filho de Tom e Gerri, e Katie, a namorada (Karina Fernandez). "Irritantemente" porque Leigh não questiona a estabilidade e a dá por adquirida.

Desenrolando-se ao longo das estações, "Another Year" estabelece uma família que é modelo de calor humano e bom senso, em cuja casa passam os "outros" a quem cabe o espectáculo da disfunção - Lesley Manville destaca-se na performance. Esta distinção entre o bom senso de uns e a desordem afectiva enche "Another Year" de algo que Leigh devia ter evitado a todo o custo: o paternalismo de um palco pronto a habitar para o espectáculo alheio.