Movimentos em falso
Não é isso que faz de Matt Lee Whitlock - é esse o nosso (anti)herói - um homem acossado. Mas é fundamentalmente por isso que, quando um duplo homicídio é descoberto, o chefe da polícia se torna o principal suspeito. O título do filme, "Out of Time"/ "Tempo Limite", é suficientemente elucidativo em relação ao que se vai passar: uma corrida contra o tempo por parte de Denzel Washington, que todos sabemos ser inocente do crime (mas não "inocente"), para tentar remediar as coisas antes que seja tarde.
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Não é isso que faz de Matt Lee Whitlock - é esse o nosso (anti)herói - um homem acossado. Mas é fundamentalmente por isso que, quando um duplo homicídio é descoberto, o chefe da polícia se torna o principal suspeito. O título do filme, "Out of Time"/ "Tempo Limite", é suficientemente elucidativo em relação ao que se vai passar: uma corrida contra o tempo por parte de Denzel Washington, que todos sabemos ser inocente do crime (mas não "inocente"), para tentar remediar as coisas antes que seja tarde.
E é assim que o argumento de Dave Collard, obviamente inspirado nos "filmes negros" que viu em criança e na adolescência, serve de base a um exercício de "neonoir", que é, na verdade, mais "neonoirish", mais aproximação do que outra coisa, porque está mais interessado nos "twists" do que propriamente na atmosfera. O problema é que antes das reviravoltas acontecerem, nós já as vimos... Carl Franklin, realizador, homem que começou a trabalhar em cinema pela mão de Roger Corman, não contribui propriamente com subtileza. Esta Florida de tentação está feita à medida de um cartaz turístico "kitsch", com a incompetência de alguns actores (Eva Mendes, sobretudo) a ajudarem. Podia ser um gesto de auto-paródia de série B, ou um exercício sobre falsidade, se a paródia não fosse manifestamente involuntária e se tudo não soasse irremediavelmente a falso. Às vezes o filme parece aquilo que corre ao fundo num videoclip...
Denzel Washington safa-se (na história, e no filme), cobrindo de alguma viscosidade o seu "boneco", que é a habitual personagem em apuros dos filmes de Franklin (como "One False Move", a longa-metragem com que se estreou, ou "Devil in a Blue Dress", que já tinha Denzel como protagonista). Há uma boa cena de acção, na varanda de um hotel. Mas são tantos passos em falso, que ao contrário do protagonista não há mesmo hipótese para o filme.