Não é "the real thing"

Não é "the real thing", não é o delirante cinema da maior indústria do mundo, Bollywood. É apenas a sua ilusão. Mira Nair, indiana ocidentalizada, terá feito ao filme indiano comercial - que não é melodrama, nem é musical, nem é filme de família; é tudo junto - o que Ang Lee fez ao filme de "capa e espada" chinês ("O Tigre e o Dragão"): "ocidentalizou" um género com códigos tão estranhos aos hábitos do espectador ocidental que a reacção mais normal seria a de recusa liminar. Mas não: "O Tigre e o Dragão" foi um êxito (menos na Ásia, o que não é um acaso) e "Casamento Debaixo de Chuva" está a dar origem, até na imprensa especializada mais puritana, a operações de repescagem dos filmes da distante e exótica Bollywood. Não é "the real thing", repete-se; Nair, como cineasta, é desajeitada - não é propriamente Robert Altman a manipular de forma sábia as suas marionetas enquanto elas se deslocam para um casamento (mas também não é uma cínica, é uma humanista). Mas utiliza o exotismo para fazer o espectador sentir que integra a sociedade global (e que é suficientemente generoso para apreciar as diferenças do "outro").

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Não é "the real thing", não é o delirante cinema da maior indústria do mundo, Bollywood. É apenas a sua ilusão. Mira Nair, indiana ocidentalizada, terá feito ao filme indiano comercial - que não é melodrama, nem é musical, nem é filme de família; é tudo junto - o que Ang Lee fez ao filme de "capa e espada" chinês ("O Tigre e o Dragão"): "ocidentalizou" um género com códigos tão estranhos aos hábitos do espectador ocidental que a reacção mais normal seria a de recusa liminar. Mas não: "O Tigre e o Dragão" foi um êxito (menos na Ásia, o que não é um acaso) e "Casamento Debaixo de Chuva" está a dar origem, até na imprensa especializada mais puritana, a operações de repescagem dos filmes da distante e exótica Bollywood. Não é "the real thing", repete-se; Nair, como cineasta, é desajeitada - não é propriamente Robert Altman a manipular de forma sábia as suas marionetas enquanto elas se deslocam para um casamento (mas também não é uma cínica, é uma humanista). Mas utiliza o exotismo para fazer o espectador sentir que integra a sociedade global (e que é suficientemente generoso para apreciar as diferenças do "outro").