Em puro território Wong Kar-wai
É um Wong Kar-wai diferente? Aparentemente, já que ficaram para trás a velocidade e o turbilhão, as marcas de “Chungking Express” e “Fallen Angels”, os filmes que - para o bem e para o mal - deram origem ao culto à volta do realizador. Mas ver assim é esquecer que Wong Kar-wai tem outros filmes antes de “Chungking...”, como “As Tears Go By” ou “Days of Being Wild” - este, especialmente tão próximo de “In the Mood for Love"/ “Disponível para Amar”. Estamos, sim, em puro território Wong Kar-wai: o de uma identidade que se fragmentou. Um homem e uma mulher vivem os fantasmas de uma história de amor. A dos respectivos cônjuges, que os enganam. E a deles próprios, que eles inventam. Faz sentido que o realizador tenha deitado fora, na sala de montagem, muito do material que filmou: essa ausência, que é “visível”, de personagens, de acontecimentos, de narrativa, deixa o filme (e a história, e as figuras) a pairar, suspenso, num atordoamento indecifrável. E nunca vamos conseguir responder: será que eles se amam; ou será que eles inventam tudo? Eles também não conseguiram responder. Muito menos um melodrama, e mais um eco longínquo do género, é um filme sobre um desencontro irreversível.
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É um Wong Kar-wai diferente? Aparentemente, já que ficaram para trás a velocidade e o turbilhão, as marcas de “Chungking Express” e “Fallen Angels”, os filmes que - para o bem e para o mal - deram origem ao culto à volta do realizador. Mas ver assim é esquecer que Wong Kar-wai tem outros filmes antes de “Chungking...”, como “As Tears Go By” ou “Days of Being Wild” - este, especialmente tão próximo de “In the Mood for Love"/ “Disponível para Amar”. Estamos, sim, em puro território Wong Kar-wai: o de uma identidade que se fragmentou. Um homem e uma mulher vivem os fantasmas de uma história de amor. A dos respectivos cônjuges, que os enganam. E a deles próprios, que eles inventam. Faz sentido que o realizador tenha deitado fora, na sala de montagem, muito do material que filmou: essa ausência, que é “visível”, de personagens, de acontecimentos, de narrativa, deixa o filme (e a história, e as figuras) a pairar, suspenso, num atordoamento indecifrável. E nunca vamos conseguir responder: será que eles se amam; ou será que eles inventam tudo? Eles também não conseguiram responder. Muito menos um melodrama, e mais um eco longínquo do género, é um filme sobre um desencontro irreversível.