Permanente convulsão sobre o vazio

José Álvaro Morais é autor de um dos mais belos filmes de todo o cinema português: "O Bobo" (1987). "Peixe Lua", a última obra deste cineasta com uma obra muito rara, confirma as marcas distintas de Morais: só ele trata desta forma, operática, os cenários; só ele, no cinema português, ambiciona um fôlego épico - dir-se-ia, "viscontiano" - na movimentação de um "puzzle" de personagens que vivem num tempo mítico onde o presente já não é possível. Se ainda é assim em "Peixe Lua", saga familiar passada nos meios da "aristocracia rural", a verdade, também, é que o filme está-nos sempre a evocar "O Bobo", como se fosse uma espécie de "remake". A dimensão temporal de "Peixe Lua" é problemática. Morais perde-se na "montagem" do tempo do seu filme, criando uma espécie de borrão onde o passado não se distingue do presente, e assim entrega-nos um caleidoscópio de cenas para nos perdemos. "Peixe Lua" é um diamante que ficou por lapidar, mas lá dentro há coisas brilhantes. Veja-se, por exemplo, a fabulosa Beatriz Batarda, a comandar desde o início o filme em permanente convulsão sobre o vazio.

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José Álvaro Morais é autor de um dos mais belos filmes de todo o cinema português: "O Bobo" (1987). "Peixe Lua", a última obra deste cineasta com uma obra muito rara, confirma as marcas distintas de Morais: só ele trata desta forma, operática, os cenários; só ele, no cinema português, ambiciona um fôlego épico - dir-se-ia, "viscontiano" - na movimentação de um "puzzle" de personagens que vivem num tempo mítico onde o presente já não é possível. Se ainda é assim em "Peixe Lua", saga familiar passada nos meios da "aristocracia rural", a verdade, também, é que o filme está-nos sempre a evocar "O Bobo", como se fosse uma espécie de "remake". A dimensão temporal de "Peixe Lua" é problemática. Morais perde-se na "montagem" do tempo do seu filme, criando uma espécie de borrão onde o passado não se distingue do presente, e assim entrega-nos um caleidoscópio de cenas para nos perdemos. "Peixe Lua" é um diamante que ficou por lapidar, mas lá dentro há coisas brilhantes. Veja-se, por exemplo, a fabulosa Beatriz Batarda, a comandar desde o início o filme em permanente convulsão sobre o vazio.