Misericórdia de Idanha conseguiu terras do Estado para projecto agrícola e nem uma couve lá plantou
A instituição, uma das mais lucrativas do género, num dos concelhos menos habitados do país, adquiriu nos últimos anos várias propriedades agrícolas do Estado. Os negócios em questão, sempre por ajuste directo, suscitam muitas interrogações e são, tal como o modelo de gestão da Misericórdia, um caso de estudo sobre a forma como as ligações políticas abrem certas portas.
A Misericórdia de Idanha-a-Nova comprou ao Estado em 2017, por ajuste directo, 14 hectares de boas terras de regadio. A dispensa de concurso foi possível porque o comprador é uma pessoa colectiva de utilidade pública e a propriedade se destinava “directa e imediatamente” à realização de determinados fins. Fins esses, justificou então a Misericórdia, que consistiam no desenvolvimento de um “projecto agrícola” cujos produtos “se destinam ao auto-abastecimento da instituição, que dá alimentação a cerca de 400 pessoas diárias”.
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A Misericórdia de Idanha-a-Nova comprou ao Estado em 2017, por ajuste directo, 14 hectares de boas terras de regadio. A dispensa de concurso foi possível porque o comprador é uma pessoa colectiva de utilidade pública e a propriedade se destinava “directa e imediatamente” à realização de determinados fins. Fins esses, justificou então a Misericórdia, que consistiam no desenvolvimento de um “projecto agrícola” cujos produtos “se destinam ao auto-abastecimento da instituição, que dá alimentação a cerca de 400 pessoas diárias”.