Snowboarder Chloe Kim interrompe carreira aos 22 anos para se focar na saúde mental

“Vou tirar uma época inteira por causa da minha saúde mental, quero reiniciar depois de um ano tão divertido, mas esgotante”, disse a atleta. “Quero aproveitar o momento e voltar quando me sentir preparada.”

Foto
Chloe Kim em Fevereiro RB/Bauer-Griffin/Getty Images

A snowboarder norte-americana Chloe Kim anunciou que vai interromper a sua carreira para se focar na saúde mental. “Vou tirar uma época inteira por causa da minha saúde mental, quero reiniciar depois de um ano tão divertido, mas esgotante”, disse a atleta. “Quero aproveitar o momento e voltar quando me sentir preparada.”

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A snowboarder norte-americana Chloe Kim anunciou que vai interromper a sua carreira para se focar na saúde mental. “Vou tirar uma época inteira por causa da minha saúde mental, quero reiniciar depois de um ano tão divertido, mas esgotante”, disse a atleta. “Quero aproveitar o momento e voltar quando me sentir preparada.”

Apesar da pausa, mantém os planos para disputar a terceira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno em 2026, que se irão realizar em Milão e Cortina d’Ampezzo. “Por enquanto, o plano é definitivamente ir atrás de uma terceira medalha”, disse ao site Cheddar News, numa entrevista publicada na quinta-feira.

Kim entrou na história do desporto ao ser a atleta mais jovem a ganhar uma medalha de ouro no snowboard, nos Jogos Olímpicos de 2018, quando tinha apenas 17 anos. Em 2022, fez a dobradinha e defendeu o seu ouro, tornando-se na primeira mulher a conseguir ganhar duas medalhas de ouro seguidas no snowboard.

Não é a primeira vez que a atleta fala sobre a sua saúde mental de forma pública. “Desta vez já sabia o que esperar por isso não cheguei tão fundo”, disse, resumindo a experiência pós-Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. “Sou grata por essa experiência porque cresci muito”, avalia. “Vejo a parte positiva desses momentos negativos.”

“Acho que muita da pressão que sinto vem, principalmente, de mim mesma e é pressão que coloco em mim mesma”, acredita. “Como atleta profissional e também alguém que genuinamente gosta do que faz, não consigo não ter altas expectativas para mim própria, certo? Eu quero ser a melhor snowboarder que posso ser e se não posso fazer isso é frustrante.”

Durante a entrevista, a atleta de 22 anos recordou que começou no desporto com quatro anos: “É a minha identidade agora. Quando comecei a perder o amor pelo desporto, fui para a faculdade”, recorda.

Começou a frequentar a Universidade de Princeton em 2019, depois de uma lesão que a afastou do desporto por 22 meses, e que a levou a focar-se nos estudos. “Preciso de ser humana, preciso de ser uma miúda normal uma vez na vida”, explicou, numa entrevista de 2021 ao New York Times, onde reflectiu sobre a sua carreira e decisão de estudar em Princeton. “Foi bom saber que posso fazer amigos com as pessoas que não são snowboarders”, disse. “É bom ter esse tipo de separação e afastar-me dos pensamentos do trabalho.”

A pandemia foi dura, recorda durante na mesma entrevista ao jornal norte-americano. Sozinha, sem a distracção da faculdade ou do snowboard, Chloe Kim começou a sentir-se deprimida: “Se o meu namorado não me impedisse de ver as notícias, eu sentava-me à frente da televisão e chorava”, disse ao New York Times. “Não sabia quais eram os sintomas de depressão – achava apenas que era estar triste, o que não é o caso. Eu tinha outros sintomas. Estava sempre cansada, dormi imenso. Não estava motivada para fazer nada. Era difícil sair da cama e tratar de mim.”

Em 2021, recuperou um pouco da normalidade: voltou aos treinos, já de olhos postos nos Jogos Olímpicos de 2022, onde garantiu a sua segunda medalha de ouro na modalidade.