Prémio Mies van der Rohe 2022 é pelas cooperativas e pelo ensino público, distinguindo Grafton Architects e Lacol

Projecto para a Town House da Universidade de Kingston em Londres e cooperativa habitacional catalã La Borda são os premiados de edição marcada pela pandemia.

Fotogaleria

O atelier irlandês Grafton Architects e o seu projecto para a Town House da Universidade de Kingston em Londres é o vencedor do prémio Mies van der Rohe de arquitectura, um dos mais importantes galardões do sector e que pela primeira vez distingue um edifício universitário. A Fundação Mies van der Rohe e a Comissão Europeia premiaram ainda o projecto La Borda, uma cooperativa de habitação na zona de Barcelona, anunciou esta terça-feira a organização em Bruxelas. Nenhum dos projectos portugueses candidatos foi distinguido.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O atelier irlandês Grafton Architects e o seu projecto para a Town House da Universidade de Kingston em Londres é o vencedor do prémio Mies van der Rohe de arquitectura, um dos mais importantes galardões do sector e que pela primeira vez distingue um edifício universitário. A Fundação Mies van der Rohe e a Comissão Europeia premiaram ainda o projecto La Borda, uma cooperativa de habitação na zona de Barcelona, anunciou esta terça-feira a organização em Bruxelas. Nenhum dos projectos portugueses candidatos foi distinguido.

Esta edição do prémio Mies van der Rohe é especial, dado que em 2020 a fundação e a instituição europeia decidiram adiar para este ano a atribuição do prémio devido à pandemia. Por isso mesmo, houve dois momentos de selecção de finalistas e o período dos projectos abarcados foi alargado — esta edição permitia considerar projectos construídos entre Outubro de 2018 e Abril de 2021.

Agora, a organização saúda dois projectos que servem ao júri para “sublinhar a importância da arquitectura que mergulha na possibilidade de mudar formas de pensar e políticas”, bem como “a relevância da inclusão”.

Foto
Alice Clancy

O prémio mais cobiçado foi então para o atelier Grafton, com base em Dublin e fundado em 1978 pelas arquitectas Yvonne Farrell e Shelley McNamara, pelo seu trabalho de “notável qualidade ambiental que cria uma excelente atmosfera para estudar, conviver, dançar e estar junto [de outras pessoas]. O edifício cria uma experiência emocional a partir do seu interior e através da sua fachada de colunatas em vários níveis que cria uma atmosfera doméstica a diferentes níveis”, lê-se no anúncio do prémio. Ao mesmo tempo, “recebe espaços de dança, biblioteca e estudo usando camadas de silêncio e som que funcionam na perfeição no seu conjunto.”

Foto
Ed Reeve

Esta é a primeira vez que o Mies é entregue a um edifício universitário, destaca a organização, o que demonstra “o potencial de projectos educativos públicos” com a qualidade do da Universidade de Kingston, “que dignifica a vida das pessoas através da educação e do companheirismo e que dá iguais possibilidades educativas a todos”. O projecto fora já finalista do Stirling Prize e o atelier já recebeu o Prémio Pritzker. A organização destaca que este foi o último ano em que o Reino Unido foi elegível para estes prémios, após o “Brexit”.

O edifício, completado em 2019, distingue-se pela ausência de barreiras para a rua e pela acessibilidade não só a alunos, professores e trabalhadores da faculdade, mas também ao grande público. Custou 50 milhões de libras (59 milhões de euros) a erguer e é um centro estudantil em que coabitam uma biblioteca e um estúdio de dança.

Já o complexo habitacional de La Borda, desenhado pelo atelier Lacol, é descrito como “transgressor no seu contexto, porque embora a produção habitacional seja dominada por interesses macroeconómicos, neste caso o modelo baseia-se na co-propriedade e na co-gestão de recursos e capacidades partilhadas”, diz a fundação. A organização destaca que La Borda vai além da simples cooperativa porque o próprio atelier responsável também é gerido como uma cooperativa em que 14 profissionais de diferentes áreas contribuem para “promover a mudança política e urbana” a partir do coração do sistema, “baseando-se na sustentabilidade social, ecológica e económica”.

Foto
La Banda Alvaro Valdecantos

Um dos membros desse colectivo de autores esteve por duas vezes em Portugal a apresentar o projecto La Borda — Cristina Gamboa veio a Lisboa participar no debate Domestic Matters, associado à representação portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza de 2021, In Conflict, e na semana passada esteve no ciclo de conferências Campo Comum, da Trienal de Arquitectura de Lisboa e do Centro Cultural de Belém.

A entrega dos prémios está agendada para 12 de Maio. Os vencedores foram escolhidos a partir de uma lista de 532 obras de 41 países. O júri deste ano é composto por Tatiana Bilbao, Francesca Ferguson, Mia Hägg, Triin Ojari, Georg Pendl, Spiros Pengas e Marcel Smets. O valor pecuniário é de 60 mil euros.

O prémio tem o nome do arquitecto de origem alemã Mies van der Rohe (1886-1969), último director da escola Bauhaus. Em 1988, o projecto do arquitecto português Álvaro Siza para o antigo Banco Borges e Irmão, em Vila do Conde, foi distinguido na edição inaugural deste galardão.

Notícia corrigida às 6h36 de 27 de Abril: nome do projecto catalão na entrada do texto

Notícia actualizada às 6h36 de 27 de Abril: informação sobre apresentação do projecto La Borda em Portugal