Reabertura da embaixada de Portugal em Kiev seria muito importante

A embaixadora da Ucânia em Portugal espera que o Governo apoie a decisão da UE e forneça armas ao país. Inna Ohnivets não espera uma alteração na política de Moscovo e equipara o Governo de Putin à União Soviética e a Estaline.

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"Espero que o Governo português apoie a nossa perspetiva europeia e também apoie a Ucrânia com fornecimento de armas”, afirmou a embaixadora da Ucrânia, Inna Ohnivets Ricardo Lopes

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A reabertura da Embaixada de Portugal em Kiev seria um passo importante para a segurança na capital ucraniana e para que mais países regressem à Ucrânia, considerou a embaixadora em Lisboa, Inna Ohnivets, em entrevista à Lusa.

“Já muitas outras embaixadas começaram a restaurar o seu trabalho em Kiev”, afirmou a embaixadora da Ucrânia em Portugal, que tem mantido contactos com o Governo português, nomeadamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Ainda sem informação sobre a reabertura da representação diplomática portuguesa, Inna Ohnivets defendeu que seria um passo importante, depois de as forças russas terem aliviado a pressão sobre a capital: “Na minha opinião isso é muito importante, porque também vem demonstrar uma segurança para todos em Kiev”.

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“Já muitas outras embaixadas começaram a restaurar o seu trabalho em Kiev”, afirmou Inna Ohnivets António Cotrim/Lusa

Quando se passam dois meses desde a invasão russa, iniciada a 24 de Fevereiro, a embaixadora revelou estar a trabalhar com as autoridades portuguesas no sentido de articular uma visita à Ucrânia, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros de lhe ter manifestado esse interesse.

“Vamos trabalhar sobre esta questão, mas eu tive uma videoconferência com o novo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e ele já visitou a Ucrânia no ano passado. Participou na conferência internacional dedicada à desocupação da Crimeia por meios pacíficos, por meios diplomáticos, e durante a nossa videoconferência ele disse que gostaria de visitar a Ucrânia”, indicou a diplomata, que está em Portugal desde 2015.

“Portugal ajuda muito para que possamos no futuro continuar a nossa vida pacífica e espero que o Governo português apoie a nossa perspectiva europeia e também apoie a Ucrânia com fornecimento de armas”, afirmou, na sequência do pedido que o Presidente do país, Volodimir Zelensky, endereçou às autoridades portuguesas ao discursar no parlamento, na quinta-feira.

Da Rússia, Inna Ohnivets não espera mudanças de regime, mas acredita que as sanções da União Europeia vão fazer com que “pouco a pouco” a situação se altere.

“A situação vai piorar na Rússia. E também muitos militares russos morreram na Ucrânia. Durante este período de dois meses, mais de 20 mil soldados russos e generais morreram na Ucrânia. Os militares ucranianos defendem a sua terra natal e os militares russos têm o estatuto de ocupantes, de invasores”, revelou ao ser questionada sobre o desfecho do conflito.

Para a embaixadora da Ucrânia, a Rússia actual é “muito parecida com a União Soviética” e com o regime de Estaline: “Putin restaurou este regime e isso significa que na Rússia existe o campo de concentração para os russos. Por isso muitos deles têm medo de realizar manifestações, mas claro que os russos que as realizaram, que se atreveram a demonstrar a sua posição contra Putin, têm uma posição heróica, porque na realidade isso é um perigo na Rússia, mostrar a posição real”.

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Para a embaixadora, a situação actual da Rússia "é muito parecida com a União Soviética" e com o regime de Estaline António Cotrim/Lusa

A Embaixada da Ucrânia não mantém qualquer contacto com a Embaixada da Rússia, “uma tradição” já com oito anos, nas palavras da embaixadora, desde “a anexação ilegal da Crimeia”, em 2014.

Ohnivets encara a missão que desempenha como “muito honrosa”, em representação de um Estado que luta pela independência e pela preservação da soberania. “Gostaria de fazer tudo o que for possível para a nossa vitória”, confessou.

“Gostaria de dizer que o povo ucraniano avalia a solidariedade, toda a assistência humanitária prestada à Ucrânia, aos refugiados ucranianos e isso significa que teve um amigo verdadeiro, um povo de coração grande e sincero. Muito obrigada. Força Portugal e Glória à Ucrânia [Slava Ukrain]”, afirmou no único momento em que sorriu abertamente durante uma entrevista a que compareceu vestida de preto e que começou com um aviso.

Precisava de falar de Mariupol, da emergência de retirar milhares de civis e soldados feridos, de um cenário que descreveu como “terrível”.