Jerónimo de Sousa diz ter “muito orgulho” em ser português e defende que PCP tem posição “coerente e honrada”
O líder do PCP reagia às declarações do Presidente da República, que hoje, quando questionado acerca da posição do PCP sobre a guerra, afirmou que “somos quase todos ucranianos”.
O secretário-geral do PCP deslocou-se esta tarde à Feira do Alentejo – Ovibeja para insistir na matriz central do discurso oficial do seu partido sobre o conflito que opõe a Rússia e a Ucrânia: “É nosso entendimento que houve uma operação militar na Ucrânia”. Instado pelos jornalistas a explicar esta leitura, o dirigente comunista responde: “São as informações que temos.” Jerónimo de Sousa respondeu ainda ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa: “Tenho muito orgulho em ser português.”
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O secretário-geral do PCP deslocou-se esta tarde à Feira do Alentejo – Ovibeja para insistir na matriz central do discurso oficial do seu partido sobre o conflito que opõe a Rússia e a Ucrânia: “É nosso entendimento que houve uma operação militar na Ucrânia”. Instado pelos jornalistas a explicar esta leitura, o dirigente comunista responde: “São as informações que temos.” Jerónimo de Sousa respondeu ainda ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa: “Tenho muito orgulho em ser português.”
E para que não ficassem dúvidas, Jerónimo vincou com ênfase: “A posição do PCP é coerente e honrada: Nós queremos a paz. Não queremos a guerra. E isso não nos perdoam. Mas cá estamos” para definir o regime russo de “capitalista”, com os seus grupos económicos e financeiros com os quais o PCP “não tem nada a ver” garante.
O líder comunista respondeu ainda ao chefe de Estado que horas antes tinha corrigido uma nota da Presidência, publicada no dia 21 de Abril, na sequência da sessão solene no Parlamento em que o presidente ucraniano Volodimir Zelensky discursou. Marcelo disse que afinal “somos quase todos ucranianos” e não todos como dizia a nota, numa referência à posição do PCP que naquela sessão esteve ausente.
“O Presidente da República usou uma expressão, lá saberá o significado e toda a sua dimensão. Aquilo que eu quero dizer é que eu tenho muito orgulho em ser português”, afirmou o líder dos comunistas, citado pela Lusa.
No lugar do envio de armas para a Ucrânia “exerça-se a diplomacia”, advoga o dirigente comunista destacando como exemplo a deslocação do secretário-geral da ONU, António Guterres a Moscovo para discutir com Putin a situação da Ucrânia. “Façamos votos no sentido de uma solução” realça o dirigente comunista.
Admite que a “maioria do povo português pode até estar com este ou com aquele, mas há uma coisa que é evidente: ama a paz e detesta a guerra”, acrescenta Jerónimo de Sousa que diz ter ficado “preocupado” com o Papa quando diz que “não tem condições para promover a paz” depois de ter anunciado o receio das consequências que a sua viagem possa ter nos esforços diplomáticos.
A deslocação de Jerónimo de Sousa à Ovibeja decorreu sem incidentes. Um militante comunista confessou ao PÚBLICO o seu receio por eventuais provocações que pudessem vir a acontecer durante a sua visita pelo certame. Era evidente a azáfama dos seguranças que se mantinham nas proximidades do líder comunista que mantinha a sua empatia nos contactos que procurava como os visitantes à feira. Alguns aproximam-se para as selfies. Jerónimo aguarda pacientemente que uma simpatizante do PCP tire da mala o seu telemóvel para o fotografar com o seu filho ou neto.
Quando chega aos pavilhões onde estão representadas quase todas as autarquias do distrito de Beja, funcionários do partido conduzem-no apenas para os que têm maioria da CDU.
Jerónimo revela a sua satisfação com a reabertura da Ovibeja, como sinal de que a “retoma da normalidade” aconteceu. E depois numa observação indirecta ao que classifica como o “desenvolvimento da situação que estamos a viver” [guerra na Ucrânia] deixa uma pergunta no ar: “É imperioso a valorização da produção nacional” lembra, frisando que Portugal continua a importar alimentos num valor superior a 3 mil milhões de euros.
Logo, torna-se um “imperativo nacional” aumentar a produção nacional de alimentos. Mas a participação dos pequenos e médios produtores tem de contar com os apoios públicos, porque os custos de produção “vão continuar a aumentar” observa o líder comunista.
Texto actualizado às 18:40 com mais declarações