Como viver é uma porra tramada, temos a música de Alabaster dePlume

Gold, o novo álbum do saxofonista, figura idiossincrática na orla do novo jazz britânico, é obra colectiva com marca autoral tocante, desconcertante, inspiradora. “As maiores coisas, as melhores coisas querem acontecer. Permitamos que aconteçam”, diz ao Ípsilon. Gold aconteceu-lhe e é magnífico.

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Vera Marmelo

Pelo que acontecera na hora anterior, já sabíamos que a ideia de convenção não integra a sua forma de agir no mundo. No Coliseu Micaelense, dia 9 de Abril, última noite do festival Tremor, em Ponta Delgada, o homem nascido Gus Fairbairn em Manchester, hoje o músico inspirado, activista pouco canónico, agitador de coração cheio e um interminável desejo de empatia que conhecemos como Alabaster dePlume, dera um concerto que foi tanto actuação como happening. Música a brotar da sua voz, do seu saxofone tenor, da guitarra em que pega um par de vezes, músicos a ergueram-na sem preparação e sem rede, ele a canalizar a energia das pessoas perante si, eles a traduzirem-na com aquele guia sem pingo de autoridade no corpo, tudo abraço caloroso, curiosidade humana, vida sublimada em som e palavra, activismo muito sério pintalgado de humor.