RS-28 Sarmat: que ameaça representa o novo míssil intercontinental russo?
Putin exibiu a sua nova arma para garantir “a segurança da Rússia face às ameaças externas”. O RS-28 Sarmat é o míssil intercontinental mais rápido, “indetectável” e com maior capacidade de transporte de ogivas nucleares.
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Na quarta-feira, as Forças Armadas russas anunciaram o primeiro lançamento com sucesso do míssil balístico RS-28 Sarmat, uma arma de nova geração com um elevado alcance e que o Presidente Vladimir Putin saudou como “sem equivalente”.
“É verdadeiramente uma arma única que vai reforçar o potencial militar das nossas Forças Armadas, que garantirá a segurança da Rússia face às ameaças externas e que fará reflectir duas vezes quem tentar ameaçar o nosso país com uma retórica intimidatória e agressiva”, declarou Putin.
“Sublinho que foram apenas utilizadas instalações, componentes e peças de fabrico nacional para a construção do Sarmat”, acrescentou, no decurso de uma intervenção transmitida pela televisão.
Mas afinal que arma é esta que Putin diz que dará que pensar aos inimigos da Rússia?
O que é o míssil RS-28 Sarmat?
O míssil balístico intercontinental RS-28 Sarmat tem capacidade para transportar até 16 ogivas nucleares de tamanho reduzido ou dez ogivas de maior dimensão. É uma arma que possui “contramedidas” capazes de destruir outras bombas ou mísseis, caso se encontrem a uma distância de até seis quilómetros. Segundo Putin, o míssil está ainda dotado de um sistema que dificulta ou impossibilita a sua intercepção.
Em entrevista ao The Times, o professor do Royal United Services Institute, Malcolm Chalmers, esclareceu que, caso este míssil esteja equipado na sua totalidade e seja disparado, tem a capacidade de destruir uma área semelhante a França – com cerca de 500 mil quilómetros quadrados – e matar milhões de pessoas.
Quais as características desta arma “única” e “invencível”?
Segundo diz o Presidente da Rússia, este “míssil balístico intercontinental de quinta geração é capaz de evitar todos os sistemas antiaéreos modernos”. A arma está incluída num conjunto de vários mísseis apresentados em 2018 como “invencíveis”. Entre o restante armamento incluem-se os mísseis hipersónicos Kinjal e Avangard. Em Março, Moscovo afirmou ter utilizado pela primeira vez o Kinjal contra alvos na Ucrânia.
Para além disso, tem um alcance máximo de 18 mil quilómetros, o que faz com que o RS-28 seja capaz de percorrer a Terra pela linha do Equador cerca de uma vez e meia antes de cair, ou seja, deixa qualquer parte do mundo vulnerável a um ataque.
Em 2019, Putin declarou que o Sarmat não tinha “praticamente limites em termos de alcance”, com capacidade para “atingir alvos atravessando tanto o Pólo Norte como o Pólo Sul”.
Durante o teste desta quarta-feira, o Kremlin informou que o míssil foi disparado de Plesetsk, no Noroeste do país, e que tinha acertado nos alvos preestabelecidos na península de Kamchatka, no extremo oriental da Rússia, tendo percorrido mais de cinco mil quilómetros.
É ainda considerado “hipersónico”, uma vez que pode voar a uma velocidade de cerca de 25.560 quilómetros por hora.
Quando começou a ser desenvolvido?
O RS-28 Sarmar começou a ser planeado e desenhado no início da década de 2000, com o objectivo de substituir o SS-18 Satan. A conclusão da investigação e desenvolvimento deste míssil data de 2011 e a construção do primeiro protótipo terminou em 2015 – 15 anos depois do seu planeamento.
Toda esta aposta resultou num primeiro teste de lançamento do então novo míssil balístico intercontinental em 2017 que permitiu detectar algumas falhas no sistema de lançamento. Em 2018, novos testes mostraram que as falhas do Sarmat já estavam superadas. Após o teste de quarta-feira, o Kremlin anunciou que a arma passará a integrar o arsenal russo.
O porta-voz do Pentágono, John Kirby, reagiu ao anúncio russo afirmando tratar-se de um teste “de rotina”, que não constitui “uma ameaça” para os Estados Unidos ou os seus aliados. Moscovo “informou devidamente” Washington sobre a realização do teste, de acordo com as suas obrigações ao abrigo dos tratados nucleares e, portanto, não foi uma “surpresa” para o Departamento de Defesa dos EUA, acrescentou Kirby.