Tens filmes caseiros para digitalizar? O Cineclube de Viseu quer arquivar películas com “interesse histórico”

O Cineclube de Viseu pode vir a digitalizar e arquivar filmes caseiros e amadores, que “tenham interesses históricos”, para salvar as imagens das películas. A ideia é que os arquivos “tenham uma segunda vida e sejam válidos para a comunidade actual”.

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Chris Lawton/Unsplash

O presidente do Cineclube de Viseu (CCV) disse hoje à agência Lusa que há a possibilidade de digitalizar e arquivar filmes caseiros e amadores, com interesse histórico e para a região, para salvar as imagens das películas. “Pretendemos que alguns arquivos de família e filmes amadores, que ainda estão em fita, que tenham interesses históricos relevantes, possam ser digitalizados e preservados através de edições digitais e, desse modo, estarem acessíveis não só para os proprietários como para o Cineclube de Viseu”, explicou Rodrigo Francisco.

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O presidente do Cineclube de Viseu (CCV) disse hoje à agência Lusa que há a possibilidade de digitalizar e arquivar filmes caseiros e amadores, com interesse histórico e para a região, para salvar as imagens das películas. “Pretendemos que alguns arquivos de família e filmes amadores, que ainda estão em fita, que tenham interesses históricos relevantes, possam ser digitalizados e preservados através de edições digitais e, desse modo, estarem acessíveis não só para os proprietários como para o Cineclube de Viseu”, explicou Rodrigo Francisco.

Este responsável disse à agência Lusa que, antes da digitalização, “era impossível” para o CCV fazer isto, “porque não tinha condições físicas, nem técnicas, para arquivar fitas”, mas, agora, “é possível dar uma resposta a muitas películas que, com o tempo, se estão a degradar”. “Muitas vezes, com as insuficiências de meios, os próprios proprietários já não conseguem ter acesso aos seus próprios arquivos e, assim, ficam com acesso e permitem um espaço de encontro para o público em geral”, defendeu.

Voos domésticos, como foi intitulado o projecto, pretende “permitir que estes arquivos tenham quase que uma segunda vida e sejam válidos para a comunidade actual”, uma vez que se têm revelado agora “como um dos campos mais férteis para o conhecimento das comunidades”.

Rodrigo Francisco disse que estão a ser “usados por vários realizadores como matéria para os seus próprios filmes e é um campo fértil na investigação do cinema contemporâneo”.

A título de exemplo apontou Edgar Pêra, que, no último festival Vista Curta, em Viseu, apresentou um filme com imagens de arquivos caseiros.

A ideia surgiu “da procura por parte de particulares, junto do CCV, para tirar dúvidas sobre como arquivar”, levantando também “questões sobre os filmes que possuem”. Tal permitiu “traçar um perfil do tipo de obras e de anos [época] que eventualmente vão chegar” à colectividade.

Assim, continuou, esperam-se “filmes familiares e amadores, sobretudo, das décadas de 1950, 60, 70” e, para uma maior abrangência, será ainda divulgada, no site, “a informação necessária que as pessoas terão de reunir sobre esses arquivos”.

“Um dos objectivos, além de os filmes ficarem salvaguardados e em posse dos seus proprietários, é o próprio Cineclube salvaguardar uma cópia. Mas ainda é cedo para percebermos o que é que isso poderá valer daqui a cinco, dez ou 15 anos”, disse. Isto, porque, por exemplo, com a devida autorização por parte dos proprietários, o CCV poderá “organizar uma sessão em que alguns arquivos possam ser apresentados publicamente, mediante o seu interesse”.

Um dos locais onde este tipo de arquivo pode ser visualizado é no Festival Vista Curta, que acontece normalmente no outono, em Viseu, e que tem exibido estas imagens. O CCV, que organiza o evento, “pretende que seja uma rubrica anual”.

Ainda sem noção do que poderá haver, Rodrigo Francisco espera ter “capacidade de resposta” para quem procurar aderir ao projecto e quem sabe se, no futuro, “não poderá ser possível contar parte da história da região com as imagens” que poderão chegar ao CCV.