CERN vai reiniciar acelerador de partículas em busca de matéria escura

Quatro anos depois de ter sido desligado, o Grande Colisor de Hadrões volta novamente a funcionar. Perante os muitos desafios de reiniciar um acelerador de partículas, os físicos estão confiantes em trazer novas descobertas - particularmente sobre a muito procurada matéria escura.

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Túnel do Grande Colisor de Hadrões, onde se descobriu a partícula do bosão de Higgs Maximilien Brice / CERN

Os cientistas do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) vão accionar, esta semana, o Grande Colisor de Hadrões (LHC, na sigla em inglês), depois do encerramento do acelerador de partículas para manutenção, que foi atrasado devido à COVID-19. Este é o acelerador de partículas que descobriu a partícula do bosão de Higgs.

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Os cientistas do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) vão accionar, esta semana, o Grande Colisor de Hadrões (LHC, na sigla em inglês), depois do encerramento do acelerador de partículas para manutenção, que foi atrasado devido à COVID-19. Este é o acelerador de partículas que descobriu a partícula do bosão de Higgs.

Reiniciar o LHC é um procedimento complexo. “Não é apertar um botão”, diz Rende Steerenberg, responsável pela sala de controlo das operações. “Isto vem com uma certa sensação de tensão, nervosismo.”

Os potenciais desafios incluem a descoberta de uma obstrução, o encolhimento de materiais devido a uma oscilação de temperatura perto dos 300º C, bem como potenciais dificuldades com os milhares de ímanes que ajudam a manter milhares de milhões de partículas num feixe apertado enquanto circulam pelo acelerador.

O sistema tem de trabalhar “como uma orquestra”, aponta Steerenberg. “Para que o feixe circule pelo acelerador, os ímanes precisam de desempenhar a sua função no momento certo”, explica.

O conjunto de colisões do LHC observados no CERN, entre 2010 e 2013, trouxe provas da existência do há muito procurado bosão de Higgs que, juntamente com o seu campo de energia, é considerado vital para a formação do universo após o Big Bang – há 13,7 mil milhões de anos.

Contudo, existe ainda muito para descobrir. Os físicos esperam que a retomada de colisões do LHC ajudem na busca pela matéria escura”, que está além do universo visível. Acredita-se que a matéria escura seja cinco vezes mais prevalente do que a matéria comum, porém não absorve, reflecte ou emite luz. Até ao momento, as investigações não trouxeram novidades sobre esta matéria.

Já em 2015, quando o LHC reabriu depois do período de funcionamento de 2010 a 2013, um dos objectivos era investigar a natureza da matéria escura e da energia escura (que juntas somam 95% do Universo).

“Vamos aumentar drasticamente o número colisões e, por isso, a probabilidade de fazer novas descobertas”, refere Steerenberg, que acrescenta que o acelerador de partículas deve operar até 2025-2027, quando será novamente desligado.