Oito em cada dez portugueses preocupados com cibercrime

Estudo da OnStrategy e da Fundação PHC mostra que cibercriminalidade, ciberbullying e futuro da inteligência artificial estão entre as principais preocupações dos portugueses.

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Dados compilados pelo Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE durante 2020, notam que mais de 60% dos jovens foram vítimas de cyberbullying na pandemia nelson garrido

Cerca de oito em cada dez portugueses estão preocupados com a criminalidade online e quase 90% estão preocupados com a segurança dos dados que circulam na Internet — quanto mais jovem, maior a preocupação. Os dados, recolhidos pela empresa de consultoria OnStrategy, surgem num relatório conduzido pela Fundação PHC que é um novo ramo da multinacional portuguesa PHC Software focado em melhorar a literacia digital dos cidadãos. Os resultados foram apresentados na terça-feira a propósito do lançamento da fundação.

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Cerca de oito em cada dez portugueses estão preocupados com a criminalidade online e quase 90% estão preocupados com a segurança dos dados que circulam na Internet — quanto mais jovem, maior a preocupação. Os dados, recolhidos pela empresa de consultoria OnStrategy, surgem num relatório conduzido pela Fundação PHC que é um novo ramo da multinacional portuguesa PHC Software focado em melhorar a literacia digital dos cidadãos. Os resultados foram apresentados na terça-feira a propósito do lançamento da fundação.

O relatório, com base em respostas de 8000 pessoas a viver em Portugal, mostra que a cibercriminalidade é a maior preocupação em 2022. Segue-se o assédio online (cyberbullying) e a evolução da inteligência artificial.

Os resultados preliminares foram apresentados esta terça-feira a propósito do lançamento da fundação. O relatório, com base em respostas de 8000 pessoas a viver em Portugal, mostra que a cibercriminalidade está entre as principais preocupações dos portugueses em 2022. Segue-se o assédio online (cyberbullying) e a evolução da inteligência artificial.

Desde o começo do ano, várias empresas portuguesas foram alvo de ciberataques que deixaram os seus serviços com falhas prolongadas. O ataque à Vodafone, em Fevereiro, foi dos casos mais notórios, com profissionais do INEM, bombeiros e hospitais incapazes de receber chamadas e SMS durante horas. Também em Fevereiro, os laboratórios de análises clínicas Germano de Sousa fecharam durante vários dias na sequência de um ataque informático. Semanas antes, um ataque informático à Impresa (dona dos órgãos de comunicação SIC e Expresso) barrou o acesso aos canais online dos jornais e televisão do grupo mediático.

Fora de Portugal, um ataque aos servidores internacionais da Cruz Vermelha comprometeu os dados de mais de 515 mil pessoas vulneráveis em todo o mundo. Os dados roubados incluem informação sobre pessoas que foram separadas das suas famílias devido a desastres naturais, conflitos e fluxos migratórios.

Segundo o estudo da Fundação PHC, perante o cenário de criminalidade digital “quatro em cada 10 portugueses sente-se inseguro a partilhar informações pessoais online, sendo os jovens os que mais receios têm (52%)”.

Mas há outras preocupações. Cerca de 81% dos inquiridos está preocupado com o cyberbullying, um fenómeno que passa por utilizar canais de comunicação digital para assediar pessoas. Muitas vezes, o abuso inclui ameaças de divulgação de imagens ou informação privada. Dados compilados pelo Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE durante 2020, notam que mais de 60% dos jovens foram vítimas de cyberbullying na pandemia.

Quatro em cada dez portugueses também admitem ter receios quanto ao futuro da inteligência artificial. Em 2022 esta tecnologia está nos chatbots das redes sociais, nos sistemas de travagem de muitos veículos, e por detrás das recomendações (livros, produtos, serviços) online. Também já há sistemas que usam inteligência artificial para acelerar processos de recrutamento. Ainda assim, é um sector com pouca ou nenhuma regulação.

O ano passado a União Europeia apresentou aquela que é primeira tentativa de legislar a área com uma proposta de regulamento com base em “níveis de risco”.

Apesar dos receios com o digital, o inquérito da Fundação PHC revela que 82% dos portugueses sente que a digitalização melhorou a sua qualidade de vida, particularmente devido à possibilidade de poupar tempo na realização de várias tarefas. Ainda assim, 42% dos inquiridos admite que ainda não se sente apto para navegar, sozinho, nos meios digitais e cerca de 65% considera que o Estado não está a fazer o suficiente para promover o ensino e a literacia digital. Em geral, são as populações com menos escolaridade que se sentem mais excluídas dos benefícios da digitalização.

Os portugueses inquiridos acreditam que os serviços de saúde e os serviços jurídicos podem beneficiar de mais digitalização.

Corrigido: O estudo foi conduzido pela Fundação PHC.