Marco Silva reconduz o Fulham até à Premier League
Londrinos confirmaram a subida de divisão em Inglaterra e têm agora como objectivo a conquista do título no Championship. Treinador português recupera créditos depois de uma etapa infeliz no Everton.
O plano A falhou, o plano B também foi por água abaixo, mas à terceira foi de vez: o Fulham está de regresso à Premier League. A quatro jornadas do fim, a equipa londrina, comandada por Marco Silva, já assegurou matematicamente uma das duas vagas de promoção directa e agora parte à conquista do Championship. Na noite desta terça-feira, a (esperada) festa fez-se em Craven Cottage.
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O plano A falhou, o plano B também foi por água abaixo, mas à terceira foi de vez: o Fulham está de regresso à Premier League. A quatro jornadas do fim, a equipa londrina, comandada por Marco Silva, já assegurou matematicamente uma das duas vagas de promoção directa e agora parte à conquista do Championship. Na noite desta terça-feira, a (esperada) festa fez-se em Craven Cottage.
A derrota com o Derby County, há cinco dias, e o posterior triunfo do Nottingham Forest sobre o West Bromwich Albion serviram somente para adiar o inevitável. Na 43.ª jornada (e ainda há um jogo em atraso) do segundo escalão inglês, o Fulham triunfou sobre o North Preston End (3-0) e garantiu a subida ao topo da cadeia e ao campeonato que mais dinheiro movimenta — estima-se que os londrinos possam vir a encaixar, na próxima época, uma verba superior a 200 milhões de euros.
Está a ser uma temporada notável do Fulham, sob a batuta de Marco Silva. A direcção do clube, com o respaldo financeiro do americano Shad Khan, apostou no técnico português depois da descida de divisão, em 2020-21, e viu o risco ser compensado. Silva estava na altura sem clube, após uma experiência mal sucedida no Everton, e rapidamente impôs as suas ideias.
A equipa passou a cultivar mais a posse de bola (tem uma média de 60,6% no campeonato), a promover um jogo mais associativo (457 por jogo) e a chegar com muita frequência a zonas de finalização. Preferencialmente em 4x2x3x1, recuperou o capitão Tom Cairney no meio-campo e estendeu a rampa de lançamento a Fábio Carvalho, internacional português de Sub21 que já terá acordo com o Liverpool para a próxima época. Na frente, o “tanque” Aleksandar Mitrovic assumiu como nunca o papel de goleador.
O avançado sérvio é, indiscutivelmente, a grande figura do Fulham versão 2021-22. Com os dois golos que marcou nesta terça-feira, atingiu a fasquia dos 40 no Championship. São 40 golos em 40 jogos na prova, que lhe permitem ultrapassar largamente o recorde de 31 golos da competição no actual formato (desde 2004), que pertencia a Ivan Toney, do Brentford. Mais: Mitrovic está agora muito próximo dos 42 golos do avançado do Portsmouth Guy Whittingham, em 1992-93, que ainda constituem o recorde da era moderna (desde a II Grande Guerra) num campeonato com 46 jornadas.
“O treinador e a restante equipa técnica mudaram a nossa forma de treinar. Alteraram vários detalhes, não apenas ao nível individual, mas colectivo. Sinto-me mais em forma do que antes, na melhor forma da minha vida”, confessou Mitrovic ao site The Athletic, em Fevereiro.
A forma do Fulham também impõe respeito. Apesar de duas derrotas consecutivas nas últimas semanas, continua a ter um ataque demolidor (98 golos) e uma diferença de golos generosa (61). Face ao segundo classificado, o Bournemouth, tem agora nove pontos de vantagem, com mais um jogo realizado, e está mais do que lançado para o título.
Altos e baixos
O regresso do Fulham à Premier League é mais um episódio numa vida desportiva marcada pela intermitência. Sob a direcção de Al Fayed, e já depois de ter andado pelo quarto escalão, o clube sagrou-se campeãoda III divisão em 1998-99 e repetiu a proeza, um escalão acima, duas épocas mais tarde, assegurando a chegada ao topo em 2001.
Nesse período, os “cottagers” mantiveram-se durante 13 temporadas ao mais alto nível, coleccionando um sétimo lugar em 2009 e a chegada à final da Liga Europa em 2010 (perderam com o Atlético Madrid), até serem despromovidos em 2014. Foram necessários quatro anos para voltar à Premier League e, desde então, tem andado acima e abaixo recorrentemente.
O actual proprietário do Fulham, Shad Khan, que também detém os Jacksonville Jaguars, tem visto o clube oscilar desde que assumiu as rédeas, há nove anos, tendo já contratado e despedido sete treinadores. O objectivo, agora, passa por dar sustentabilidade ao projecto desportivo e tornar o plantel suficientemente competitivo para não voltar a sofrer uma desilusão na Premier League. E Marco Silva, com contrato at+e 2024, terá mais uma oportunidade de ganhar créditos como treinador de topo na mais mediática e empolgante Liga do mundo.
“Temos de fazer de Craven Cottage novamente a nossa fortaleza e jogar o que sabemos, como tão bem temos feito nesta época. Precisamos do apoio dos adeptos para acabar a missão”, apelava Marco Silva antes do jogo com o Preston North End. Os adeptos responderam em massa e a equipa esteve à altura.