Bolieiro assegura “estabilidade” após remodelação no governo regional, parceiros esperam para ver
O presidente do governo regional assegura que a remodelação governamental garante estabilidade, enquanto os parceiros parlamentares dizem que é preciso esperar para avaliar o desempenho do executivo.
Um ano e cinco meses após a tomada de posse, José Manuel Bolieiro remodelou o governo regional, que resulta da coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, e que depende parlamentarmente do Chega, da Iniciativa Liberal e do deputado independente Carlos Furtado. Sob um clima de instabilidade, a remodelação agora consumada – que reduz o tamanho e reforça perfil político do executivo – foi tema frequente na política açoriana e exigida várias vezes pelos parceiros do executivo.
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Um ano e cinco meses após a tomada de posse, José Manuel Bolieiro remodelou o governo regional, que resulta da coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, e que depende parlamentarmente do Chega, da Iniciativa Liberal e do deputado independente Carlos Furtado. Sob um clima de instabilidade, a remodelação agora consumada – que reduz o tamanho e reforça perfil político do executivo – foi tema frequente na política açoriana e exigida várias vezes pelos parceiros do executivo.
“É um governo que é mais pequeno, mais coeso. Passa a corresponder a uma mudança que não é meramente cosmética, é profunda e assegura, sobretudo, através das personalidades para acções nas áreas económica e financeira, experiência política e governativa”, afirmou Bolieiro aos jornalistas, após ter dado a conhecer as mudanças ao Representante da República, Pedro Catarino.
O presidente do governo assegurou que as alterações vão permitir “mais coesão” e rejeitou a necessidade de uma moção de confiança no parlamento açoriano. “Temos assegurada, no quadro da coligação, uma máxima estabilidade governativa. Asseguramos uma coesão assinalável.”
A remodelação tem marcado a política regional nos últimos meses, mas foi feita pouco depois de o Chega-Açores ter anunciado o fim do apoio ao governo, que criticou por não cumprir com as medidas acordadas, como a mudança governamental.
“Sou um democrata que, com a humildade que a democracia recomenda, ouve, aconselha-se, mas decide. A decisão, no tempo e na forma que eu tomei, é da minha responsabilidade, naturalmente também entendendo todo o contexto político”, reconheceu o presidente do governo.
Assumindo a influência dos parceiros parlamentares na remodelação, Bolieiro puxou para si os méritos de contribuir para a “estabilidade política”. “O povo sabe julgar quem procura a estabilidade e cumprir a missão para servir bem o povo e a nossa região e quem procura apenas o protagonismo e a destabilização. Eu estou do lado da estabilidade política.”
As palavras do presidente do governo regional parecem dirigidas ao deputado do Chega-Açores, José Pacheco, que, ao PÚBLICO, disse querer dar o “benefício da dúvida” aos novos governantes e afirmou que a remodelação já “peca por tardia”. Para já, o Chega continua a dizer que o apoio à solução açoriana acabou – mas, reconhece o deputado, cabe ao executivo de Bolieiro inverter o rumo da governação.
“Não queremos estar associados a um governo trapalhão. Queremos é ver o trabalho daqui para a frente. É o governo que tem de demonstrar que o Chega estava enganado porque nós vamos manter a nossa palavra.”
Já a IL reconheceu que faz “sentido” ter um governo mais pequeno, mas alertou que “não basta mudar de protagonistas”. “Não se esperam grandes mudanças de políticas com protagonistas do passado”, afirmou à Lusa o deputado Nuno Barata.
Já Carlos Furtado, ex-Chega, que passou a independente após uma guerrilha com André Ventura, disse “estranhar” a saída do titular das Finanças, Bastos e Silva, e defendeu que não se pode governar “em função dos resultados eleitorais”. “Espero que essa remodelação governativa traga uma lufada de ar fresco à governação”, afirmou.
Numa maioria em que cada um dos votos conta, o deputado açoriano do PAN, que se chegou a abster no primeiro Orçamento, considerou que a remodelação vem “tarde demais” porque muitos dos governantes “não tinham a capacidade dentro de uma secretaria para gerir” as respectivas pastas.
Já a esquerda mantém-se, previsivelmente, sem grandes esperanças na coligação de direita que governa o arquipélago. Se o BE acusou o actual executivo de estar “mais preocupado com a sua sobrevivência política”, o PS criticou uma remodelação feita no “baú de recordações” do PSD, numa referência à entrada de Berta Cabral.
Os governantes vão tomar posse na terça-feira no arranque do plenário parlamentar deste mês. com Lusa