Afundou-se o Moskva, o navio mais importante da frota russa no mar Negro

Autoridades ucranianas garantem que o cruzador Moskva foi atingido por mísseis, mas o Ministério da Defesa russo refere apenas um “incêndio” e uma “explosão”, sem revelar as causas.

Fotogaleria

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.


O mais importante navio de guerra russo no mar Negro, o cruzador de mísseis Moskva (Moscovo), afundou-se, admitiu o Ministério da Defesa da Rússia. Após uma “explosão” a bordo, toda a tripulação terá sido retirada. O navio estaria a ser levado para o porto de Sebastopol, na Crimeia, mas a agitação marítima fez com que afundasse, avançaram as autoridades russas. Já Kiev garante que o navio começou a afundar-se após o incêndio ter deflagrado.

A Ucrânia assegura que os estragos no Moskva foram provocados por dois mísseis disparados pelas suas forças, enquanto a Rússia garante que se tratou de um acidente. “Por causa de um incêndio, houve munição que explodiu no cruzador de mísseis Moskva. O navio ficou gravemente danificado”, comunicou o ministério russo, citado pela agência Tass, sem revelar as causas do incêndio.

“Os mísseis Neptuno que protegem o mar Negro causaram danos muito graves no navio russo”, reagiu, por sua vez, Maksim Marchenko, responsável pela Administração Militar Regional de Odessa, citado pela Reuters.

Nem russos nem ucranianos apresentaram, porém, quaisquer provas das suas posições sobre o incidente. Procedimento semelhante já tinha acontecido no mês passado, quando a Ucrânia anunciou a destruição do transportador russo Orsk, perto de Berdiansk, e Moscovo manteve silêncio sobre o assunto.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse à CNN que os Estados Unidos não têm a certeza sobre o que realmente aconteceu ao navio. “Confirmamos que houve uma explosão, pelo menos uma, e bastante grande, que causou danos significativos ao navio”, afirmou. “A explosão teve uma dimensão tal que temos indícios de que outros navios tentaram prestar auxílio, mas parece que afinal não foi necessário”, explicou ainda Kirby.

Operacional desde os tempos da União Soviética e fundamental nas manobras russas no mar Negro desde 2000, o Moskva tem 186 metros de comprimento e pesa mais de 12 mil toneladas. A sua tripulação superava as 500 pessoas. A sua neutralização é um marco importante para a resistência ucraniana, podendo ajudar a levantar o moral das tropas ucranianas na costa Sul do país.

Os russos “tiveram de escolher entre duas histórias”, comentou o assessor de Segurança Nacional de Joe Biden. “Uma é que isto foi só incompetência, a outra é que eles foram atacados. Em nenhum dos casos há uma saída boa para eles”, disse Jake Sullivan.

Estrategicamente importante para o assalto que a Rússia está a levar a cabo na região costeira – e, particularmente, na cidade portuária de Mariupol, uma das mais castigadas pela guerra –, o cruzador esteve recentemente nas notícias por causa de um episódio que envolveu a resistência ucraniana na ilha de Zmiinii.

Contactados pela tripulação do enorme navio de guerra, via rádio, para se renderem e entregarem o pequeno pedaço de terra – também conhecido por “ilha das Serpentes” –, os 13 elementos da equipa de guardas fronteiriços ucranianos, responderam, em tom de desafio: “Ó navio de guerra russo, vai-te foder”.

A atitude dos guardas foi de tal maneira elogiada pelas autoridades políticas ucranianas, que o serviço postal do país anunciou o lançamento de uma campanha limitada de selos dedicados a eles.