Finlândia pode decidir adesão à NATO no prazo de semanas
Relatório do Governo sublinha vantagens da entrada na Aliança Atlântica e segue agora para debate parlamentar. A invasão russa da Ucrânia foi “uma mudança fundamental na segurança da Finlândia e da Europa”.
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A adesão da Finlândia e da Suécia à NATO vai “aumentar a estabilidade” na zona do Mar Báltico, considera o Governo finlandês num relatório sobre a sua política de segurança publicado esta quarta-feira.
O documento não diz explicitamente que o país deve aderir à NATO, mas vai servir de base ao debate parlamentar sobre o assunto, que poderá estar concluído em poucas semanas. “Existem diferentes perspectivas e temos de analisá-las cuidadosamente. Não quero avançar com um calendário específico, mas penso que o nosso processo será bastante rápido, uma questão de semanas”, disse a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, em conferência de imprensa, ao lado da primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson.
Os dois países têm-se mantido historicamente neutros em conflitos armados, mas desde o início da invasão russa da Ucrânia que a discussão sobre uma possível adesão à NATO, considerada impensável até recentemente, ganhou novo fôlego.
O relatório finlandês antecede o sueco, que só deverá ser apresentado em Maio. Contudo, a imprensa de Estocolmo noticia que a decisão de Magdalena Andersson já está tomada e que a Suécia deverá mesmo pedir para aderir à Aliança Atlântica. Segundo o jornal Svenska Dagbladet, esse pedido deverá ser feito em Junho, estando já a decorrer uma discussão entre os líderes nacionais e regionais do Partido Social Democrata, actualmente no poder.
Sobre o debate paira a memória de Olof Palme, o primeiro-ministro sueco, assassinado em 1986, que durante a Guerra Fria foi um acérrimo defensor do não-alinhamento e de uma “terceira via” entre os Estados Unidos e a União Soviética. Desde então que a Suécia se tem posicionado a favor do desarmamento nuclear e como parte independente capaz de mediar conflitos. “O assunto tem de ser tratado com o respeito que merece. Há ainda muita gente que comunga da opinião de Olof Palme”, disse ao jornal Aftonbladet uma fonte partidária descrita como “central” no processo.
Com a guerra na Ucrânia, diz o relatório finlandês, “uma mudança fundamental aconteceu na segurança e no ambiente operacional da Finlândia e da Europa”.
Num momento em que, de acordo com o jornal Helsingin Sanomat, a adesão à NATO é vista com bons olhos por 59% dos finlandeses – um máximo histórico –, o relatório governamental sublinha as vantagens da entrada da Finlândia na Aliança Atlântica para o país. “O efeito dissuasor da Defesa finlandesa seria consideravelmente maior do que é actualmente, uma vez que teria como base as capacidades de toda a Aliança”, pode ler-se. “Uma aliança defensiva entre a Finlândia e a Suécia não seria comparável e não substituiria a adesão à NATO.”
Actualmente, diz o documento, “a situação militar nas zonas fronteiriças com a Finlândia está calma”, mas “a Finlândia tem de estar preparada para o uso ou para a ameaça de uso de força militar contra si”. Mesmo que não venha a aderir à NATO, o país “terá de aumentar as suas capacidades defensivas e de segurança”, advoga ainda o relatório.
Ainda que o processo interno seja tão rápido como previsto por Sanna Marin, a efectiva adesão à Aliança Atlântica pode ser mais demorada. “Temos consciência de que o estatuto de membro não nasce espontaneamente. Todos os Estados-membros têm de aprovar, pode levar quatro ou 12 meses”, admitiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Pekka Haavisto.