Qualidade do areal vai contar para ter Bandeira Azul

Medida decorre de recomendação da OMS já do ano passado, mas só entrará em vigor quando todos países que integram a Bandeira Azul tenham condições para realizar a monitorização dos areais.

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O país deve continuar a ter centenas de praias com excelente qualidade, apesar do novo critério Miguel Manso

A partir do próximo ano é expectável que a atribuição da Bandeira Azul a uma zona balnear passe a exigir não só uma excelente qualidade da água, mas também do areal. O novo “critério-guia” decorre de uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), já do ano passado, sobre a qualidade das zonas de recreação. Por cá, já se fazem análises à areia, mas não de forma sistemática, e não se espera que o novo critério traga grandes mudanças ao número de praias galardoadas.

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A partir do próximo ano é expectável que a atribuição da Bandeira Azul a uma zona balnear passe a exigir não só uma excelente qualidade da água, mas também do areal. O novo “critério-guia” decorre de uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), já do ano passado, sobre a qualidade das zonas de recreação. Por cá, já se fazem análises à areia, mas não de forma sistemática, e não se espera que o novo critério traga grandes mudanças ao número de praias galardoadas.

Foi em Julho de 2021 que a OMS actualizou as suas recomendações para a qualidade das zonas de recreação balnear. Um trabalho que contou com a colaboração do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que já nessa altura adiantava que “a monitorização das areias de praias para fungos e enterococos são uma das recomendações que constam do documento da OMS, divulgado a 13 de Julho, que se foca principalmente na gestão da qualidade das águas balneares.” Uma novidade que faz notícia no Jornal de Notícias desta segunda-feira. A qualidade da areia, que até aqui não era analisada para efeitos de atribuição da Bandeira Azul, vai passar a ser também obrigatória para a atribuição deste galardão.

Catarina Gonçalves, coordenadora do programa Bandeira Azul, precisa ao PÚBLICO que a análise da areia das praias “nunca deixou de ser recomendada, mas passará a ser um critério-guia”. A medida ainda não será tida em conta, contudo, este ano, acrescenta: “Ainda não é obrigatória e só o será a partir do momento em que todos os países tenham capacidade para começar a implementar essa monitorização”.

É expectável que a partir de 2023 já haja condições para essa actualização, refere ainda a responsável, salientando que no caso de Portugal já há muito trabalho feito nessa área. “Já fazemos esta análise há alguns anos, mas não de forma obrigatória nem em todas as praias. Digamos que analisamos cerca de 10% das praias costeiras. A Madeira, apesar de não ter muita área, é a região com mais monitorização. O que vai acontecer é que isto será feito de forma sistemática”, refere.

A coordenadora do programa Bandeira Azul diz acreditar que a introdução deste critério - com a análise da parte microbiológica, sobretudo de coliforme, tal como acontece na água, mas também, para o areal, da parte micológica, “com tudo o que tem que ver com fungos e doenças transmissíveis na pele”, explica - não irá trazer grandes alterações ao número de praias nacionais com este galardão, que distingue as zonas balneares com melhor qualidade na Europa. “Tratando-se de praias com Bandeira Azul e com frequência de limpeza mais elevada do que outras, verifica-se que não há problemas. Vê-se que há um efeito directo na regularidade da limpeza e na qualidade [do areal]”, diz.

No ano passado, Portugal teve 372 praias com Bandeira Azul, 330 costeiras e 42 fluviais. No total, foram mais 12 do que no ano anterior, e colocaram o país no 2.º lugar da lista dos aderentes a este galardão com mais praias fluviais distinguidas. Este ano, a lista para a época balnear de 2022 deverá ser divulgada no próximo dia 28 de Abril.

O relatório do ano passado da Agência Europeia do Ambiente indicava que 89,2% das águas balneares em Portugal têm uma qualidade “excelente”, o que corresponde a 562 zonas balneares. Se incluirmos as que têm uma qualidade “boa” e “suficiente”, a percentagem sobe para 95,1%.