Paquistão escolhe novo primeiro-ministro após saída de Khan

Sucessor para ocupar o cargo como interino é Shehbaz Sharif, irmão do antigo primeiro-ministro Nawaz Sharif.

Foto
Apoiantes de Khan manifestam-se contra o seu afastaento SOHAIL SHAHZAD/EPA

O Parlamento do Paquistão escolheu, esta segunda-feira, quem vai ocupar interinamente a chefia do Governo do Paquistão após a votação que afastou Imran Khan, o primeiro chefe de Governo afastado pelo Parlamento, no que foi o culminar de uma semana de crise.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Parlamento do Paquistão escolheu, esta segunda-feira, quem vai ocupar interinamente a chefia do Governo do Paquistão após a votação que afastou Imran Khan, o primeiro chefe de Governo afastado pelo Parlamento, no que foi o culminar de uma semana de crise.

O Parlamento escolheu o líder da oposição Shehbaz Sharif, de 70 anos, irmão do antigo primeiro-ministro Nawaz Sharif, que foi três vezes primeiro-ministro e foi preso em 2018 depois de ter sido condenado por corrupção (cumpriu alguns meses da pena de dez anos, antes de ir para o estrangeiro receber tratamento médico). Foi o seu partido que levou ao Parlamento a moção de censura que ditou a saída de Khan, no poder desde 2018.

O jornalista da BBC no Paquistão Secunder Kermani diz que apesar de Shehbaz Sharif ter estado sempre na sombra do irmão, se distinguiu dele: quando Nawaz criticou abertamente o exército na sequência da sua saída do poder, Shahbaz manifestou-se a favor de uma reconciliação com o “establishment”.

Como responsável pelo governo do estado do Punjab, o mais populoso do país, Sharif ganhou reputação de eficiência e é-lhe dado crédito por melhorias de infra-estrutura, diz a BBC. Mas os apoiantes de Khan vêem-no como o representante das famílias do poder do “velho Paquistão” que queriam deixar para trás.

O partido de Khan, ex-capitão da selecção de críquete, prometeu, no entanto, que os seus deputados se demitiriam em massa se o candidato que apresentam, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Shah Mahmood Qureshi, não fosse eleito primeiro-ministro. E demitiram-se mais de cem deputados do partido: se as demissões forem aceites, diz a Reuters, a acção que poderá levar a eleições intercalares para os seus lugares e galvanizar apoiantes de Khan

Nenhum primeiro-ministro eleito completou uma legislatura no cargo desde a independência do Paquistão, em 1947, mas Khan é o primeiro a ser afastado pelo Parlamento. O ex-chefe de Governo culpa os Estados Unidos pelo seu afastamento, o que Washington nega.

Khan mantém-se desafiador e milhares de apoiantes juntaram-se em várias cidades do país para protestar contra o seu afastamento. O ex-chefe de Governo já deixou claro que irá tentar ser eleito de novo – as eleições deveriam realizar-se em Outubro de 2023.

Alguns analistas notaram ao Washington Post que as suas fraquezas – impaciência, má capacidade de gestão e pouca disposição para cultivar alianças – dificultaram a sua governação. Mas as suas qualidades – ser um orador convincente e entusiástico – ficarão mais evidentes ao tentar voltar ao poder.

“A queda de Khan irá continuar a assombrar o novo Governo, disse o analista político Hasan Askari Rizvi, de Lahore, ao diário norte-americano. “Afastar e substituir um líder é uma coisa. Governar com êxito é outra. Seguem-se tempos difíceis para Sahrif”, declarou. Agora que Khan saiu, continua o Post, ninguém subestima o seu potencial de regressar.

“Khan provou ser um demagogo que fez pouco para resolver questões sérias”, disse Ayad Amir, analista e antigo deputado, embora diga que é preciso “dar crédito” ao ex-primeiro-ministro por “ter derrotado as forças políticas dinásticas”, as famílias Sharif e Bhutto que dividiram o poder no país desde 1947.

“Agora é a altura para, nestes meses antes das eleições, ser introspectivo, aprender com os seus erros, reconhecer o seu partido e ter o papel de uma oposição vibrante”, declarou Amir.