Prejuízo da TAP atinge um recorde de 1600 milhões de euros

Impacto da reestruturação da companhia aérea explica parte dos resultados negativos registados em 2021.

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TAP espera atingir 90% da actividade de 2019 neste Verão Nuno Ferreira Santos

A TAP fechou 2021 com um prejuízo recorde de 1599,1 milhões de euros, uma deterioração dos resultados face aos 1230 milhões do ano anterior explicada pelo impacto do plano de reestruturação, que penalizou em 1024,9 milhões de euros as contas da companhia aérea. Neste aspecto, destaca-se o efeito negativo de fechar a operação no Brasil, tal com previsto no acordo negociado com Bruxelas, segundo o comunicado divulgado nesta segunda-feira pela empresa.

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A TAP fechou 2021 com um prejuízo recorde de 1599,1 milhões de euros, uma deterioração dos resultados face aos 1230 milhões do ano anterior explicada pelo impacto do plano de reestruturação, que penalizou em 1024,9 milhões de euros as contas da companhia aérea. Neste aspecto, destaca-se o efeito negativo de fechar a operação no Brasil, tal com previsto no acordo negociado com Bruxelas, segundo o comunicado divulgado nesta segunda-feira pela empresa.

O resultado negativo foi ainda influenciado por diferenças cambiais – a depreciação do euro face ao dólar custou 175,5 milhões de euros –, mas não sofreu com os efeitos da subida dos combustíveis no ano passado, dado que a cobertura de jet fuel teve um impacto positivo de 8,7 milhões. “O resultado líquido ajustado de itens não recorrentes (incluindo ajustes fiscais) seria de 760,14 milhões negativos (um aumento de 363,3 milhões face a 2020), sendo apenas 31% deste prejuízo imputável ao segundo semestre de 2021”, acrescenta a TAP.

O resultado operacional, excluindo os efeitos extraordinários, recuou 523,9 milhões, para uns negativos 1488,7 milhões de euros.

No último exercício, as receitas operacionais foram de 1388,5 milhões de euros, um crescimento de 31% face ao primeiro ano da pandemia de covid-19, que congelou o transporte aéreo, tendo aumentado tanto as receitas de passageiros (+218,8 milhões de euros), como as de carga (+110,5 milhões), que mais do que compensaram a queda de 13,7 milhões registada na manutenção.

A TAP dá conta de uma recuperação dos passageiros “à medida que mais mercados reabriram e os níveis de vacinação progrediram a nível mundial”, tendo o número de passageiros crescido 25,1%, mas ainda a um terço do nível verificado em 2019, o último completo antes da pandemia. “Do mesmo modo, a procura (medida em RPK) aumentou 25,6%, apesar de ser ainda 35,5% dos níveis de 2019”, completa, acrescentando que “também as receitas de passageiros da TAP aumentaram 25,8% em 2021, acima do crescimento global das receitas de passageiros previsto pela indústria de 20,1% (de acordo com a IATA)”.

Já os custos operacionais recorrentes recuaram ligeiramente, para 1866,5 milhões no ano passado, reflectindo, segundo explica a TAP em comunicado, “as medidas de reestruturação implementadas, nomeadamente os custos com pessoal (-11%), os custos de manutenção de aeronaves (-20,5%) e os custos dos materiais consumidos (-25%)”. Segundo a companhia, “a diminuição dos custos com pessoal já reflecte as saídas graduais de 1480 colaboradores ao longo do ano e os cortes salariais” iniciados em Março do ano passado.

No que diz respeito à liquidez, a TAP considerou o ano de 2021 como “igualmente desafiante”, “pelo que a TAP continuou a concentrar-se nas suas medidas de protecção de liquidez”, com destaque para os aumentos de capital de Maio e Dezembro de 462 milhões e 536 milhões, respectivamente.

A TAP fechou, assim, 2021 com 812,6 milhões de euros em caixa, um crescimento de 57% face ao arranque do ano.

Sobre a rede, a TAP sublinha a “reabertura de destinos que estavam fechados”, para além do lançamento de “novos destinos, tais como: Montreal, Cancún, Punta Cana, Maceió, Zagreb, Ibiza, Fuerteventura, Agadir, Oujda, Monastir e Djerba”.

“A respeito da frota operacional, verificou-se uma redução líquida de duas aeronaves, passando para 94, com o phase-out de dois Airbus A330ceo, três Airbus A320ceo e dois Airbus A319ceo, enquanto se realizou o phase-in de cinco aeronaves de nova geração (dois A321neo LR e três A320neo)”, detalhou a companhia.

Assim, no final de 2021, “66% da frota operacional de médio e longo curso consistia em aeronaves da família NEO (contra 57% a 31 de Dezembro de 2020 e 43% a 31 de Dezembro de 2019)”. com Luís Villalobos