Mulher de ministro das Finanças britânico vai pagar impostos no Reino Unido

Akshata Murthy anunciou que deixará de evitar pagar impostos no país a partir de agora, depois da pressão sobre Rishi Sunak, favorito para chegar a primeiro-ministro.

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Richie Sunak, ministro das Finanças britânico John Sibley/Reuters

Akshata Murthy, a mulher do ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, afirmou na sexta-feira que vai deixar de evitar pagar impostos no Reino Unido pelos seus rendimentos no estrangeiro, cedendo à pressão que o marido tinha antes minimizado como difamação política.

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Akshata Murthy, a mulher do ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, afirmou na sexta-feira que vai deixar de evitar pagar impostos no Reino Unido pelos seus rendimentos no estrangeiro, cedendo à pressão que o marido tinha antes minimizado como difamação política.

A irritação pública pelo estatuto fiscal de Murthy foi exponenciada com a decisão do ministro de aumentar os impostos sobre os rendimentos, numa altura em que a inflação crescente obriga os britânicos a pagar o custo de vida mais alto desde que os registos começaram em 1956.

Muthy, cidadã indiana, tem direito ao chamado estatuto “não domiciliar” no Reino Unido, reservado aos estrangeiros que não consideram as ilhas britânicas como a sua residência permanente. Isso permitiu-lhe optar por pagar impostos no Reino Unido apenas em relação ao rendimento auferido localmente ou transferido para o país.

Murthy é filha de um dos fundadores do gigante indiano das tecnologias da informação Infosys, tendo 0,9% das acções da empresa – o que lhe rendeu 11,6 milhões de libras (13,9 milhões de euros) de dividendos só no ano passado.

Numa declaração emitida na sexta-feira, depois de dois dias de cobertura negativa na imprensa, Murthy afirmou que passaria a pagar impostos no Reino Unido sobre o total dos seus rendimentos, incluindo dividendos e ganhos de capital a partir do ano fiscal de 2021/22.

“Entendo e aprecio o sentido de justiça britânico e não quero que o meu estatuto fiscal seja uma distracção para o meu marido ou que afecte a minha família”, disse.

Murthy sublinhou que o seu acordo fiscal anterior era “completamente legal” e que continuará a referir que o seu domicílio é a Índia e não o Reino Unido. Sunak tinha afirmado anteriormente que pretende regressar à Índia para cuidar dos seus pais quando ficarem mais debilitados.

Sunak tem sido apontado como sucessor do primeiro-ministro, Boris Johnson, cuja posição política está a ser muito questionada depois do criticismo generalizado em relação às festas ilegais realizadas em Downing Street, a residência oficial do chefe do Governo, durante os confinamentos por causa da covid-19 e uma série de outros escândalos.

Depois de receber aplausos pela sua resposta firme à pandemia, as taxas de popularidade de Sunak caíram face aos desafios que enfrenta em várias frentes, com o peso fiscal a atingir o seu valor mais alto desde os anos 1940.

Na sexta-feira de manhã, Sunak tinha dito numa entrevista que os investimentos financeiros da sua mulher estão separados dos seus e que as questões levantadas sobre a riqueza do seu sogro e o estatuto fiscal da sua mulher tinham motivações políticas e visavam atingi-lo a ele.

“Para me tentarem difamar, difamar a minha mulher para me atingirem é horrível, não?”, disse ao jornal The Sun.

O estatuto de não domiciliado isenta mais de 75 mil pessoas, na maioria estrangeiros, de pagar impostos no Reino Unido por rendimentos auferidos no exterior e tem sido alvo de campanhas contra por beneficiar na sua grande maioria os muito ricos.

O Partido Trabalhista, na oposição, que já pediu o fim desse estatuto, afirmou que Murthy devia pagar os impostos britânicos que não pagou nos anos anteriores se o seu gesto fosse mesmo genuíno, e considerasse injusto o seu estatuto fiscal.

Boris Johnson afirmou que não sabia que Akshata Murthy gozava desse estatuto e rejeitou qualquer sugestão de que o seu gabinete teria passado à imprensa essa informação.

“O Rishi está a fazer um trabalho extraordinário”, disse o primeiro-ministro britânico.

Sunak também confirmou as informações saídas na imprensa de que só abdicou do seu green card dos Estados Unidos – autorização de residência permanente para estrangeiros – depois de se tornar ministro das Finanças em 2020.

Um porta-voz de Sunak afirmou que o ministro pagou todos os seus impostos e que não violou nenhuma lei ou regulamento.