Grupos armados organizados da Colômbia ganharam força no mandato do actual Presidente

Fundação Paz e Reconciliação diz que pelo menos quatro grupos aumentaram o seu poder desde que Iván Duque chegou ao poder em 2018.

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Protesto em Bogotá a exigir ao Governo mais acção contra a violência e para combater a pobreza Reuters/STRINGER

Um relatório publicado na sexta-feira pela Fundação Paz e Reconciliação (Pares) da Colômbia alerta que pelo menos quatro grupos armados aumentaram o seu poder e alargaram a sua influência desde que Iván Duque chegou ao poder em 2018.

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Um relatório publicado na sexta-feira pela Fundação Paz e Reconciliação (Pares) da Colômbia alerta que pelo menos quatro grupos armados aumentaram o seu poder e alargaram a sua influência desde que Iván Duque chegou ao poder em 2018.

O Clã do Golfo, a guerrilha do Exército de Libertação Nacional e dois dos seus grupos dissidentes, Gentil Duarte e Segunda Marquetalia, ganharam mais força desde que Duque é Presidente.

“O período de Governo de Iván Duque, desde Agosto de 2018 até agora, tem sido caracterizado pelo fortalecimento e a expansão dos principais grupos armados do país”, refere o relatório. “A promessa de segurança, com a qual este Governo ganhou a presidência, desvaneceu-se nesta nova espiral de violência”, assegura a fundação no documento.

Desde 2016 registaram-se 191 massacres na Colômbia, no entanto, desde 2018, estes “aumentaram exponencialmente”. “O aumento mais dramático aconteceu entre 2019 e 2020, com mais de 300%”, refere.

De acordo com os números compilados pelo Ministério da Defesa colombiano, no ano 2020, os casos de sequestro, terrorismo, atentados a infra-estruturas importantes e acções subversivas aumentaram em comparação com os anos anteriores. Enquanto em 2019 houve 208 “acções terroristas”, em 2020 esse número aumentou para as 405, de acordo com a PARES.

A fundação lembra que desde 2016 a Colômbia ocupa consecutivamente o primeiro lugar como o país com mais homicídios de activistas dos direitos humanos na América Latina.

O aumento do conflito e da violência “destruíram a promessa de paz para muitos colombianos”, alertou na sexta-feira o director do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) na Colômbia, Francesco Volpi, citado pela agência EFE.

“O Governo e os grupos armados devem unir-se e pôr-se de acordo para pôr fim a este pesadelo para os colombianos, muitos dos quais já aguentaram décadas de um conflito brutal”, acrescentou o responsável da ONG norueguesa.

Na Colômbia, assinala-se hoje o Dia Nacional da Memória e da Solidariedade com as Vítimas do Conflito Armado e a NRC lembra que a violência já obrigou 274 mil pessoas a fugir nos primeiros meses de 2022. Segundo a ONG, a violência obrigou muitas mulheres e crianças a fugir até quatro vezes por questões de segurança, especialmente em zonas rurais remotas, onde a presença do Estado não se faz sentir.

“Há pouco falámos com uma família que se viu obrigada a fugir da violência este ano. Tinham sido afastados das suas casas antes da assinatura do acordo de paz, assim que é a segunda vez que fogem. Acabar com este cruel deslocamento é a melhor maneira de comemorar as vítimas do longo conflito colombiano”, acrescentou.