Aventuras de Michel, o Gigante na terra dos esquimós
É na Gronelândia que Tété-Michel Kpomassie, o primeiro africano a pisar o Ártico, quer terminar os dias. A escrever acerca da infância na floresta equatorial no Togo. Longe das árvores, na terra do gelo, continuará o seu manifesto de dedo apontado à grande mentira inventada pelo “homem branco”.
Em 1967, com 26 anos, Tété-Michel Kmopassie assume uma missão pressentida depois de uma longa viagem. Natural do Togo, tinha passado um ano e meio na Gronelândia entre esquimós. Já ambientado ao clima extremo, à comida que no início lhe causara repulsa, decidiu regressar às origens. Seria o “contador” de uma terra glacial. Iria falar da sua experiência da mesma forma que ouvira outros antepassados falarem de experiências anteriores e, com isso, ajudar a enriquecer a história do colectivo a que pertencia e contribuir para manter viva, coesa pela partilha, a comunidade de onde saíra depois de ter sido mordido por uma píton. Essa tarefa de “contador” seria o seu modo de retribuir o que recebera e também de se redimir de uma fuga comandada tanto pelo medo — dos répteis — como pela curiosidade por um mundo distante, branco, sem floresta equatorial e por isso isento do perigo da possibilidade de repetição do trauma.