Casos de violência doméstica quase duplicam num mês em Leiria
Foram mais de vinte as situações que chegaram à Associação Mulher Século XXI, que actua no distrito.
O número de denúncias de violência doméstica que chegaram à Associação Mulher Século XXI, em Leiria, quase duplicou no último mês face ao anterior, revelou a presidente daquela instituição.
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O número de denúncias de violência doméstica que chegaram à Associação Mulher Século XXI, em Leiria, quase duplicou no último mês face ao anterior, revelou a presidente daquela instituição.
“No último mês notou-se um aumento de casos, o que nos deixa preocupados. Tivemos quase o dobro dos casos novos do mês anterior. Num mês, 20 e tal casos novos é bastante em Leiria”, revelou Susana Ramos Pereira, à margem da assinatura do protocolo para a Territorialização da Rede Nacional de Apoio à Vítima de Violência Doméstica (RNAVVD), no âmbito da Rede Integrada de Intervenção na Violência Doméstica do Distrito de Leiria (RIIVD), que decorreu hoje nesta cidade.
Segundo a presidente da Mulher Século XXI, estas vítimas têm idades entre os 45 e os 50 anos, são de vários estratos sociais e têm habilitações diversas. “São contactos novos, mas são pessoas que já eram vítimas há muitos anos, algumas há 30 anos, mas, de repente, algo fez com que ganhassem coragem”, adiantou. Para Susana Ramos Pereira, a pandemia acabou por contribuir para que algumas situações se “destapassem”.
A Mulher Século XXI assinou o protocolo RNAVVD com os 16 municípios do distrito de Leiria, a Secretaria de Estado da Igualdade e Migrações, PSP, GNR, Polícia Judiciária, Segurança Social, Procuradoria da Comarca de Leiria, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Leiria, Associação de Pais e Educadores para a Infância, Cruz Vermelha e Santa Casa da Misericórdia da Batalha.
“Esta rede consiste em juntar todas as entidades que são relevantes para a área da violência doméstica e para a igualdade de género do distrito de Leiria, numa só plataforma, fazendo com que as formas de trabalhar e de resolver sejam iguais e se complementem”, referiu Susana Ramos Pereira. Uma das vantagens, exemplificou, é ouvir a vítima para memória futura uma vez, evitando a “revitimização”, ao ser ouvida várias vezes por entidades diferentes.
“É com muita honra que faço deste momento o meu primeiro acto público na área da igualdade e da violência doméstica”, começou por dizer a secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Sara Abrantes Guerreiro, ao destacar que os protocolos surgem, “sobretudo, pela força das parcerias locais” e “são um exemplo extraordinário de trabalho em rede e de proximidade”.
Com esta cerimónia, o Governo já atingiu 16 protocolos de territorialização, abrangendo 112 concelhos. “A cobertura de respostas do combate à violência doméstica, em Portugal, é hoje de 95%, mas não podemos descansar. Esta cobertura tem de ser total. Temos de continuar a melhorar a eficácia da resposta e reforçar as políticas de promoção de igualdade e não discriminação e prevenção da violência doméstica”, acrescentou Sara Abrantes Guerreiro.
Segundo a secretária de Estado, serão publicados em breve três planos de acção no âmbito da estratégia nacional para igualdade e não discriminação, de onde surgirá um novo guião para seguir. “Os planos são determinantes para criar uma acção conjunta por execução de objectivos comuns e partilhados e permitem a avaliação de políticas públicas”, salientou.
Elogiando o trabalho em rede, que considera ser um método que o Governo pretende seguir, Sara Abrantes Guerreiro, afirmou que a rede de Leiria “significa a capacidade de comunicar, articular, colaborar, partilhar lideranças, construir pontes todos os dias”. “É uma rede que salva pessoas, devolvendo-lhes a dignidade e a esperança”, acrescentou.