Miguel Loureiro passeia com Tennessee Williams pelo precipício

Texto mal recebido tanto no teatro quanto no cinema, Boom! chega ao Centro Cultural de Belém esta sexta-feira e sobe ao Teatro Nacional São João de 6 a 10 de Maio. Uma peça em que o actor e encenador abraça o excesso e a monstruosidade da sua personagem.

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Miguel Loureiro encena "Boom!" e encarna a "déspota" Flora Goforth vitorino coragem

Aquilo que Miguel Loureiro adora em Flora Goforth é a sua “monstruosidade”. É o excesso de que se rodeia, de que se banha, num final de vida em que se passeia junto ao precipício, levando consigo aquele apelido (vai em frente) que parece uma maldade que Tennessee Williams derrama sobre a personagem de The Train Doesn’t Stop Here Anymore (1963). Miguel Loureiro, que agora encena o texto enquanto Boom! no Centro Cultural de Belém (CCB), Lisboa, de 8 a 10 de Abril (seguindo para o Teatro Nacional São João, Porto, de 6 a 10 de Maio), não esconde o fascínio por “este universo e por uma heroína que foge à tradição das heroínas de Tennessee Williams, de uma fragilidade de lírio quebrado”. “Aqui não há nenhum lírio quebrado, esta mulher é uma déspota, uma generala, uma daquelas personagens carnívoras como as de Laura Betti nos filmes de Pasolini, e isso é fascinante para qualquer actor”, diz. E assim se percebe que quando Fernando Luís Sampaio, programador de teatro do CCB, o desafiou a pegar nesta peça e, mais do que isso, a encarnar a própria Goforth, retirada do mundo para se isolar numa propriedade na costa de Amalfi enquanto dita as suas memórias (a qualquer hora do dia ou da noite) à sua secretária, Miguel Loureiro tenha aceitado transformar-se nesta criatura de excesso.

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Aquilo que Miguel Loureiro adora em Flora Goforth é a sua “monstruosidade”. É o excesso de que se rodeia, de que se banha, num final de vida em que se passeia junto ao precipício, levando consigo aquele apelido (vai em frente) que parece uma maldade que Tennessee Williams derrama sobre a personagem de The Train Doesn’t Stop Here Anymore (1963). Miguel Loureiro, que agora encena o texto enquanto Boom! no Centro Cultural de Belém (CCB), Lisboa, de 8 a 10 de Abril (seguindo para o Teatro Nacional São João, Porto, de 6 a 10 de Maio), não esconde o fascínio por “este universo e por uma heroína que foge à tradição das heroínas de Tennessee Williams, de uma fragilidade de lírio quebrado”. “Aqui não há nenhum lírio quebrado, esta mulher é uma déspota, uma generala, uma daquelas personagens carnívoras como as de Laura Betti nos filmes de Pasolini, e isso é fascinante para qualquer actor”, diz. E assim se percebe que quando Fernando Luís Sampaio, programador de teatro do CCB, o desafiou a pegar nesta peça e, mais do que isso, a encarnar a própria Goforth, retirada do mundo para se isolar numa propriedade na costa de Amalfi enquanto dita as suas memórias (a qualquer hora do dia ou da noite) à sua secretária, Miguel Loureiro tenha aceitado transformar-se nesta criatura de excesso.