Academia antecipa “reunião de emergência” sobre Will Smith para sexta-feira
Actor demitiu-se e isso permite acelerar o processo de decisão das “possíveis sanções” após a agressão a Chris Rock. Em aberto está se a Academia vai banir Smith de futuras cerimónias dos Óscares ou impedir que volte a ser nomeado.
Numa fase de relativa acalmia no frenesim mediático e da indústria que se seguiu à bofetada de Will Smith em pleno palco dos Óscares, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiu apressar, afinal, a sua “reunião de emergência” marcada apenas para 18 de Abril para discutir as “possíveis sanções” ao actor que agrediu Chris Rock — e que entretanto já saiu da Academia pelo próprio pé.
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Numa fase de relativa acalmia no frenesim mediático e da indústria que se seguiu à bofetada de Will Smith em pleno palco dos Óscares, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiu apressar, afinal, a sua “reunião de emergência” marcada apenas para 18 de Abril para discutir as “possíveis sanções” ao actor que agrediu Chris Rock — e que entretanto já saiu da Academia pelo próprio pé.
A notícia foi avançada quarta-feira pela revista Variety, que detalha que foi precisamente a demissão de Will Smith da Academia que possibilitou acelerar o processo. Os trâmites legais californianos, bem como os próprios estatutos do organismo não permitiam que a reunião tivesse sido marcada para mais perto da data da agressão que dominou a actualidade durante mais de uma semana. “Tínhamos de dar um pré-aviso 15 dias antes da reunião ao sr. Smith”, escreveu o presidente da Academia, David Rubin, numa carta enviada aos membros, “e também dar-lhe a oportunidade de dar uma declaração escrita à direcção” que só teria de chegar até cinco dias antes da dita reunião.
Mas como Will Smith se demitiu da Academia dos Óscares, esvaziando e antecipando assim algumas das sanções mais graves que a instituição lhe podia aplicar — e, por outro lado, mantendo em aberto uma relação futura com o evento e com os Óscares —, “a suspensão ou expulsão já não são uma possibilidade” e por isso o prazo legal em questão deixa de se colocar. “É do interesse de todos que isto seja tratado atempadamente.” A reunião dos Governadores da Academia decorrerá por Zoom ao final da tarde de sexta-feira (hora portuguesa).
“Isto” é um dos maiores escândalos que a Academia já enfrentou, sobretudo numa altura em que o poder do cinema está ameaçado pelo da tecnologia — o streaming, os videojogos e a televisão competem ferozmente pelo tempo dos espectadores e a pandemia deixou a indústria cinematográfica em crise e antecipação do que será o regresso à normalidade, ou o que será o novo normal. A centralidade mediática dos Óscares voltou, mas de forma ingrata, com críticas não só à violência em cima do seu palco, em directo para milhões de pessoas, mas também à sua actuação enquanto organizadora do evento, que após o infame estalo, premiou e ovacionou Will Smith com o Óscar de Melhor Actor.
O que significa a saída de Smith da Academia para o futuro? Numa altura em que os seus projectos futuros estão em lume brando, com a Apple TV+ em silêncio quanto à data de estreia prevista para o filme Emancipation e com o seu filme Netflix a passar para o fim da fila da linha de produção actual, o seu estatuto na indústria pode passar pela forma como é ou não aberta a possibilidade do seu regresso às boas graças da Academia.
Para já, Will Smith já não poderá participar em eventos da Academia, mas continua a poder ser nomeado para Óscares e outros prémios, porque para se ser elegível para os galardões do cinema não é obrigatório ser membro da Academia. Smith perdeu, contudo, a capacidade de votar nestes prémios.
Ao antecipar uma das sanções mais vexantes que podiam ser aplicadas pelos Governadores, Smith deixou para os altos membros da Academia as seguintes possibilidades: a Academia ainda pode decidir que Smith fica impedido de ser nomeado no futuro, estando prevista no código “a perda temporária ou permanente de elegibilidade”, ou pode bani-lo de futuras cerimónias dos Óscares. Há uma derradeira possibilidade, embora não prevista em concreto nos pergaminhos da Academia e bastante improvável, que é retirar o Óscar que acaba de receber — apenas um profissional ficou sem ele, e por se apurar que afinal o projecto premiado não cumpria as regras de elegibilidade.