Vacinas renderam mais de 90 milhões aos líderes da Pfizer, BioNTech e Moderna
Presidentes executivos das farmacêuticas viram remuneração aumentar com o sucesso comercial das vacinas e a valorização das acções.
Os líderes dos grupos farmacêuticos que desenvolveram as vacinas contra a covid-19 com a tecnologia mRNA (RNA mensageiro) obtiveram, em conjunto, uma remuneração de 100 milhões de dólares (cerca de 90,8 milhões de euros) durante a pandemia.
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Os líderes dos grupos farmacêuticos que desenvolveram as vacinas contra a covid-19 com a tecnologia mRNA (RNA mensageiro) obtiveram, em conjunto, uma remuneração de 100 milhões de dólares (cerca de 90,8 milhões de euros) durante a pandemia.
De acordo com o Financial Times (FT), que fez a conta aos ganhos de Albert Bourla, da Pfizer, Ugur Sahin, da BioNTech, e Stéphane Bancel, da Moderna, esta remuneração reflecte em larga medida o aumento do valor das suas opções sobre acções (um mecanismo de remuneração variável que é atribuído frequentemente à gestão executiva de uma empresa).
Dado o enorme sucesso comercial das vacinas que permitiram reduzir os efeitos da infecção por Sars COv 2 em milhões de pessoas por todo o mundo, o apetite dos investidores pelas empresas farmacêuticas e de biotecnologia, em particular daquelas que desenvolvem vacinas e tratamentos contra a covid-19, cresceu nos últimos dois anos.
Com isto, o valor das acções subiu em flecha. Segundo o FT, os títulos da Pfizer valorizaram-se 60% nos últimos 24 meses, enquanto as cotações da BioNTech e Moderna triplicaram e quintuplicaram, respectivamente.
Stéphane Bancel e Ugur Sahin, que já tinham acções das suas companhias, tornaram-se naquilo a que o FT chama “bilionários de papel”. Bancel tem 7,8% da Moderna e Sahin 17,1% da BioNTech, posições avaliadas em 5,4 e 7,8 mil milhões de dólares, respectivamente.
A vacina da BioNTech/Pfizer gerou no ano passado receitas de 37,5 mil milhões de dólares, enquanto a da Moderna alcançou vendas de 17 mil milhões de dólares.
Olhando à remuneração de cada um dos gestores em 2020 e 2021, o FT refere que o líder da Pfizer, Albert Bourla, foi quem mais recebeu: 45,3 milhões de dólares (acima dos 27,7 milhões que ganhou no período 2018 – 2019).
Ugur Sahin (BioNTech) recebeu 30,8 milhões de dólares em 2020-21, que comparam com os 8,5 milhões de 2018 e 2019, mas a remuneração total de Stéphane Bancel (Moderna) diminuiu de 67,5 milhões em 2018-2019 para 31,1 milhões, em 2020-2021.
A explicação para a redução tem a ver com o ganho extraordinário que se seguiu à entrada em bolsa da empresa, em 2018, que já havia proporcionado ao gestor ganhos de 58,6 milhões de dólares com opções sobre acções.
O jornal de referência britânico explica ainda que Bancel já vendeu 404 milhões de dólares em acções desde Janeiro de 2020.
Albert Bourla vendeu 5,6 milhões de acções “no mesmo dia em que a Pfizer e a BioNTech anunciaram que a sua vacina era 90% eficaz contra a covid” e Ugur Sahin “ainda não fez vendas significativas”.