São Jorge: Protecção Civil diz que reforço de meios não corresponde a “escalada da ameaça”

A ilha açoriana registou perto de 26 mil sismos desde 19 de Março, dos quais 224 foram sentidos pela população.

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A ilha de São Jorge, nos Açores, registou perto de 26 mil sismos desde 19 de Março PEDRO NUNES/Reuters

O presidente da Protecção Civil dos Açores pediu este sábado à população da ilha de São Jorge “tranquilidade vigilante”, assegurando que o reforço de meios no terreno não se deve a “uma escalada da ameaça” sismovulcânica.

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O presidente da Protecção Civil dos Açores pediu este sábado à população da ilha de São Jorge “tranquilidade vigilante”, assegurando que o reforço de meios no terreno não se deve a “uma escalada da ameaça” sismovulcânica.

“Não vamos baixar a guarda por estarem a sentir-se menos sismos. Peço à população que mantenha uma tranquilidade vigilante. Mas não há razão para uma preocupação adicional por estarem mais meios no terreno”, garantiu Eduardo Faria aos jornalistas, no briefing diário para actualização de dados sobre a crise sísmica naquela ilha do arquipélago dos Açores.

O responsável regional da Protecção Civil assegurou que “não é pela escalada da ameaça que se estão a ver mais pessoas e meios no terreno”.

Eduardo Faria notou que os meios e operacionais que até agora chegaram à ilha açoriana foram os que “estavam planeados desde o início” da crise sísmica, que começou a 19 de Março.

“Mais [meios] hão-de vir, que já não fazem parte do plano inicial, mas que achamos adequado para ter mais valências, nomeadamente para permitir a rotação e refrescamento de equipas”, explicou.

O presidente da Protecção Civil Regional notou que, até este sábado, “a chegada de recursos humanos e materiais” à ilha relaciona-se com o planeamento inicial para instalação de uma resposta rápida, pronta e de qualidade às populações”, caso haja um agravamento dos eventos registados e sentidos.

Eduardo Faria notou que, nas últimas 24 horas, “a actividade sísmica se manteve praticamente estável”.

Na sexta-feira, “devido às condições climatéricas”, não foi possível fazer o reconhecimento das fajãs e dos portos para uma eventual retirada da população por via marítima em caso de um abalo de maiores proporções ou de uma erupção vulcânica.

Neste sábado, “uma equipa de fuzileiros, acompanhada por técnicos municipais”, está a fazer “o reconhecimento da zona dos Rosais, para verificar se há alguma zona de maior instabilidade e que cause maior preocupação”, observou.

O responsável indicou na sexta-feira que, “de forma preventiva”, foi determinada a interdição do Farol dos Rosais, “a partir da Vigia da Baleia”.

Tal deveu-se, segundo explicou na ocasião o presidente do CIVISA, ao registo, nos Rosais, de “sete sismos” com “profundidade ligeiramente inferior” aos que se têm verificado no sistema fissural vulcânico de Manadas, onde “continua concentrada a maior parte da actividade sísmica, a profundidades entre os 7,5 e os 12 quilómetros”.

O CIVISA continua sem conseguir explicar a relação entre estes eventos nos Rosais e os que começaram a 19 de Março entre a vila das Velas e a Fajã do Ouvidor.

Perto de 26 mil abalos registados, 224 sentidos

São Jorge registou perto de 26 mil sismos desde 19 de Março, dos quais 224 foram sentidos pela população, revelou este sábado o presidente do CIVISA.

“Não há um decréscimo de sismicidade ou um atenuar da crise no sistema fissural de Manadas”, no concelho de Velas, disse Rui Marques aos jornalistas.

Rui Marques observou que “a sismicidade continua muito acima do normal” na ilha de São Jorge e que, “desde há três dias”, houve uma “menor libertação de energia e uma menor frequência de sismos diários”.

Desde o início da crise, a 19 de Março, até às 10h deste sábado, a rede do CIVISA registou “25.992 sismos”. Entre as 00h e as 10h deste sábado foram identificados 451, disse o responsável, perspectivando que durante este dia se ultrapassem os mil sismos. Na sexta-feira, Rui Marques indicou que, nos últimos dias, foi de 800 a média diária.

As antenas do CIVISA colocadas na ilha para captar, em sítios pontuais, “imagens com maior resolução” do que as captadas por satélite “corroboram a deformação na parte central da ilha”, indicou o responsável.

Já as imagens de satélite vão ser ainda este sábado objecto de uma análise mais detalhada.

Quanto à “monitorização de gazes vulcânicos nos solos”, permitiu verificar que “não há alteração do fluxo e concentração de dióxido de carbono”.

Três sismos sentidos nas últimas 24 horas

Três sismos foram sentidos pela população nas últimas 24 horas na ilha de São Jorge, Açores, elevando para 224 o número total de abalos percepcionados pelos habitantes desde o início da crise sísmica, indicou este sábado o CIVISA num ponto de situação feito pelas 10h.

As actualizações comunicadas pelo CIVISA indicam que, entre as 10h e as 22h de sexta-feira, foram sentidos na freguesia de Velas dois sismos de magnitude 2 e 1,9, sentidos pela população com intensidade III na Escala de Mercali Modificada.

Entre as 22h de sexta-feira e as 10h deste sábado, foi sentido um sismo de magnitude 1,7, na Ribeira Seca (Calheta), com epicentro a 3 quilómetros a Nor-Noroeste da Urzelina.

“Até ao momento foram identificados cerca de 224 sismos sentidos pela população”, indica o CIVISA.

O sismo mais energético ocorreu no dia 29 de Março, às 21h56 (22h56 em Lisboa), com magnitude de 3,8 na escala de Richter.

De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excepcionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).

A ilha está com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.

Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8373 habitantes, dos quais 4936 no concelho das Velas e 3437 no concelho da Calheta.