Nuno Melo faz discurso de unidade para resgatar o CDS

Candidato à liderança foi muito ovacionado pelos congressistas e promete reformas internas.

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Nuno Melo chegou ao congresso do CDS-PP ao volante de uma Renault 4L José coelho/lusa

Na apresentação da sua moção de estratégia global, no 29.º congresso do CDS, em Guimarães, Nuno Melo deixou uma mensagem de esperança – “o CDS vai dar a volta aos momentos tão difíceis do presente” – e comprometeu-se a realizar um congresso estatutário para fazer reformas internas. Perante um pavilhão de Guimarães repleto, o candidato à liderança do CDS foi ovacionado pelos congressistas.

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Na apresentação da sua moção de estratégia global, no 29.º congresso do CDS, em Guimarães, Nuno Melo deixou uma mensagem de esperança – “o CDS vai dar a volta aos momentos tão difíceis do presente” – e comprometeu-se a realizar um congresso estatutário para fazer reformas internas. Perante um pavilhão de Guimarães repleto, o candidato à liderança do CDS foi ovacionado pelos congressistas.

O eurodeputado, lembrando que tem “palco nacional”, começou por uma mensagem de mobilização e de confiança no partido. “O CDS terá de o fazer a falar do futuro e para fora e não do passado e para dentro. E todos fazem falta para resgatar o CDS”, afirmou, aludindo às circunstâncias actuais do partido: “Quando o momento é mais difícil é que devemos dar o peito às balas”.

Apontando os próximos testes eleitorais do partido – regionais, europeias, autárquicas e legislativas –, Nuno Melo comprometeu-se, caso seja eleito, em realizar um congresso estatutário para permitir que os presidentes de câmara integrem a comissão política nacional e que o presidente da Juventude Popular faça parte da comissão executiva, o órgão mais restrito da direcção.

Apesar do discurso de união, Nuno Melo prometeu também acabar com as “tendências artificiais” numa alusão à única corrente interna oficializada – a Tendência Esperança em Movimento.

O antigo vice-presidente de Paulo Portas e Assunção Cristas assumiu querer que o CDS “volte a ser um partido onde conservadores, democratas-cristãos e liberais se sintam bem”. E não esqueceu figuras de peso que abandonaram o CDS em ruptura com a direcção de Francisco Rodrigues dos Santos.

“Uma palavra para António Pires de Lima, para o Adolfo Mesquita Nunes, para o Francisco Mendes da Silva, para o João Condeixa e outros, que neste momento não estão aqui, mas que pretendo que voltem, esta é a vossa casa e durante dois anos farei tudo para que o percebam”, afirmou.

O candidato à liderança defendeu que o CDS tem de ser visto como partido “útil”, um partido que tem “ideias nítidas, identifica problemas e aponta soluções”. “Quero resgatar para o CDS os ideais identitários de sempre. Voltaremos a ser voz dos professores, dos contribuintes, dos pensionistas, das forças de segurança, dos agricultores e dos combatentes”, afirmou, reiterando a necessidade de trazer “novas agendas” como a da economia azul e da economia digital.

Sem se comprometer com órgãos paritários, Nuno Melo prometeu aumentar a presença de mulheres na direcção. “Quero trazer muitas das Cecílias Meireles que estão neste partido”, afirmou, referindo também que pretende abrir o partido a independentes.

Monteiro aplaudido no congresso

Já após a pausa para o almoço, o presidente do congresso, Martim Borges de Freitas, deu as boas-vindas ao antigo líder do partido, Manuel Monteiro, que já se encontrava no interior do pavilhão, tendo recebido um aplauso dos congressistas numa sala que estava a meio gás. “Venho dar apenas o meu contributo para que o CDS-PP saia daqui reforçado, que possa rapidamente regressar ao lugar político que creio que é essencial na vida política portuguesa e não mais do que isso”, afirmou aos jornalistas Manuel Monteiro.

Durante as apresentações das moções, Miguel Mattos Chaves, membro da comissão política nacional, candidato à liderança do CDS, afastou a ideia de extinção do partido. “Têm dito que o partido está morto, o que fará se estivesse vivo. Está vivo e bem vivo, tivemos um percalço”, afirmou, antevendo os próximos anos como “duros e difíceis”.

O candidato à liderança assumiu que quer o CDS como “o único partido conservador e democrata-cristão”. “Vamos dar voz aos milhões de portugueses da direita que não se sentem representados”, afirmou. Sem se referir directamente a Nuno Melo, Mattos Chaves deixou, no entanto, um apelo: “Não podemos entregar a liderança do CDS a quem o pôs neste estado.”

Por seu turno, Nuno Correia da Silva foi ao congresso do CDS fazer jus à sua moção de estratégia global com que se candidata à liderança do partido, intitulada “Liberdade”, e apelou aos congressistas para que na hora de votar para a eleição do novo presidente dos democratas-cristãos votem de acordo com a sua consciência. “Cada um tem de ser livre em cada momento e no momento o voto [os militantes] têm de obedecer à sua consciência”, declarou.

“Esta moção chama-se ‘Liberdade’ e é esse grito que vimos dar aqui. É essa liberdade que nós queremos para as famílias para que possam ter os filhos que querem, para que possam escolher as escolas onde os seus filhos querem estudar e onde os mais velhos tenham liberdade para investir”, afirmou Nuno Correia da Silva, reiterando que “Portugal precisa de ser livre” e que o partido precisa de virar a página.

O primeiro subscritor da moção de estratégia global e presidente da distrital de Aveiro, Fernando Almeida, reagiu às críticas que têm sido feitas por Nuno Melo, declarando que a moção que apresenta ao congresso, que decorre até domingo, em Guimarães, “não é uma barriga de aluguer” de ninguém nem é “filha de pai tirano”.

“Esta moção não é uma barriga de aluguer, não é filha de mãe solteira, nem de pai tirano é casada com o CDS”, atirou Fernando Almeida, num tom crítico, acrescentado que o documento, intitulado Pelas mesmas razões de sempre, “não é instrumento de promoção de vaidade, e uma prova de vida da militância do CDS.

Para além de Fernando Almeida, a moção é também subscrita por mais dez presidentes de distritais do CDS, que procuravam um candidato à liderança alternativo a Nuno Melo.

Lobo d'Ávila para Nuno Melo: “Que belo candidato terias sido há sete anos"

Filipe Lobo d’Ávila, que foi primeiro vice-presidente de Francisco Rodrigues dos Santos, subiu ao palco do congresso para lembrar que os “erros” não foram apenas da direcção a que pertenceu. “Claro que houve erros nos últimos tempos. Mas a culpa não é exclusiva de Francisco Rodrigues dos Santos”, afirmou, sem nomear ninguém mas acusando os críticos de manterem um “espectáculo que causou enorme dano reputacional”.

O ex-candidato à liderança do partido, em 2020, lembrou que o seu grupo – que se tem apresentado com moções intituladas “Juntos Pelo futuro” – recordou que esse movimento nasceu para apoiar Nuno Melo na sucessão de Paulo Portas (a que acabou por concorrer apenas Assunção Cristas): “Que belo candidato terias sido há sete anos. Seria a oportunidade para evitar muitos erros que foram cometidos.”