Manuel Monteiro apoia Nuno Melo num discurso doutrinário
Levantando os congressistas num forte aplauso final, Monteiro deixou ao futuro líder ideias doutrinárias, mas também ideias programáticas. E afirmou-se “dísponível” para colaborar, “sem cargos, sem estatuto.”
Cerca de 24 anos depois de deixar de ser líder do CDS, Manuel Monteiro subiu ao palco do 29.º Congresso do CDS, em Guimarães, este sábado à tarde para apoiar Nuno Melo, como candidato a presidente do CDS.
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Cerca de 24 anos depois de deixar de ser líder do CDS, Manuel Monteiro subiu ao palco do 29.º Congresso do CDS, em Guimarães, este sábado à tarde para apoiar Nuno Melo, como candidato a presidente do CDS.
“Estou disponível para ajudar o novo presidente do CDS”, afirmou Monteiro – num momento em que se fez suspense no congresso a seguir à pronúncia da palavra “disponível” e em que houve dúvidas se iria dizer que iria ser candidato -, acrescentando que o faria “sem cargos, sem estatuto a não ser ter sido presidente da Juventude Popular e presidente do CDS”.
Manifestando a sua “amizade profunda por Nuno Correia da Silva”, que integrou as suas direcções, e proclamando “respeito” por Miguel Matos Chaves, Monteiro advertiu: “Serenamente, conscientemente devemos pensar na circunstância em que estamos.”
Acrescentando que o “partido deve friamente” pensar em quem está em melhores condições” para finalmente dizer que Nuno Melo, sendo deputado europeu, é a sua escolha.
Monteiro não omitiu que “muitos dos que apoiam Nuno Melo foram os que mais” o “fizeram ir embora” do CDS, quando saiu do partido, em 2003, depois de perder a liderança para Paulo Portas, em 1998. Considerando que esteve esta tarde no congresso como “outros poderão estar”, numa clara alusão à expectativa de Paulo Portas estar presente, em Guimarães.
Num forte discurso ideológico, com as capacidades de oratória que mantém, Manuel Monteiro afirmou a necessidade de o CDS “lutar por Portugal” e apontou como caminho o papel de “dar luta ao PS”. Depois de considerar que o Governo não tem oposição no Parlamento, defendeu que o CDS terá de cumprir esse papel. E apontou como primeiro momento da retoma da influência eleitoral do CDS, o ano de 2024, em que há eleições europeias e o referendo à regionalização. E proclamou: “Não à divisão socialista que o doutor António Costa quer fazer.”
Atacando a regionalização, Monteiro considerou mesmo que o Governo se prepara para fazer um golpe no Estado, quebrando a unidade do Estado em nome de descentralização e promover a regionalização”, isto “numa época em que o país depende cada vez mais de fora”.
Aproveitou ainda para deixar outras ideias programáticas. No plano do ensino superior, defendeu “outro modelo educativo” e o fim do processo de Bolonha, que classificou de “mentira”, explicando: “Formalmente, andamos a atribuir títulos, mas na prática diminuímos o tempo de formação.”
No plano da “produção nacional”, Monteiro advogou que “um país que não cria riqueza e vive exclusivamente do dinheiro que vem de fora, é um país que pode ter presente, mas não tem futuro.”
E propôs ainda que o CDS defenda que o novo aeroporto não seja construído na região de Lisboa, mas que a opção seja a ligação e potenciação do aeroporto de Beja.