Gana: um adversário que é uma incógnita

O primeiro adversário de Portugal no Mundial 2022 parece ser ainda um “work in progress”.

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Estádio cheio num dos jogos de apuramento para o Mundial 2022 da selecção do Gana contra a Nigéria Reuters/AFOLABI SOTUNDE

Não é muito fácil de projectar aquilo que o Gana poderá fazer no Mundial 2022. Com que identidade se irá apresentar? Será a equipa que perdeu com as Ilhas Comores na Taça das Nações Africanas (CAN) no início do ano? Ou a equipa que conseguiu eliminar a Nigéria no play-off a duas mãos nas qualificações africanas? Será a selecção que conseguiu passar a fase de grupos nos dois primeiros Mundiais (2006 e 2010) que disputou? Ou aquela que foi consumida por lutas internas em 2014?

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Não é muito fácil de projectar aquilo que o Gana poderá fazer no Mundial 2022. Com que identidade se irá apresentar? Será a equipa que perdeu com as Ilhas Comores na Taça das Nações Africanas (CAN) no início do ano? Ou a equipa que conseguiu eliminar a Nigéria no play-off a duas mãos nas qualificações africanas? Será a selecção que conseguiu passar a fase de grupos nos dois primeiros Mundiais (2006 e 2010) que disputou? Ou aquela que foi consumida por lutas internas em 2014?

O primeiro adversário de Portugal no Mundial 2022 (a 24 de Novembro) parece ser ainda um “work in progress”. Depois do fracasso na última CAN, o sérvio Milovan Rajevac foi despedido e para o seu lugar chegou Otto Addo, um antigo internacional ganês nascido na Alemanha, cujo maior cartão de visita como treinador eram quatro anos como adjunto em dois clubes da Bundesliga – dois no Borussia Moenchengladbach e dois no Borussia Dortmund.

A verdade é que, mesmo sem qualquer experiência como treinador principal, conseguiu apurar o Gana para o seu quarto mundial, mas continua a ter o estatuto de interino. E a sua continuidade no cargo não é certa. “O meu contrato era para os dois jogos com a Nigéria. Gostava de continuar e ir ao Mundial”, disse há poucos dias Addo, que esteve no Mundial 2006 como jogador.

Quem estará no banco não é a única incerteza nesta selecção ganesa que ocupa actualmente o 60.º lugar no ranking da FIFA. A federação ganesa está a tentar atrair para a sua selecção dois jovens internacionais ingleses que podem fazer a diferença, sobretudo um. Callum Hudson-Odoi, extremo do Chelsea, já é internacional A por Inglaterra, mas, ao abrigo das regras da FIFA, pode mudar de nacionalidade futebolística para o país do seu pai – e está, segundo a imprensa britânica, a considerar essa hipótese. Tariq Lamptey, lateral do Brighton, é outro internacional jovem inglês com andamento de Premier League que está a ponderar jogar pelo Gana.

Nomes reconhecíveis nesta selecção do Gana não são muitos, pelo menos não ao nível de Asamoah Gyan ou Kevin-Prince Boateng ou Michael Essien. Continuam lá os irmãos Andre e Jordan Ayew para o ataque, Thomas Partey, do Arsenal, será o comandante a partir do meio-campo, com a companhia de outro jogador com experiência de Premier League, Daniel Amartey (Leicester City). Haverá a expectativa de ver o que poderá fazer o jovem Felix Afena-Gyan, que vai tendo oportunidades na Roma de José Mourinho, ou Abdul Fatawu Issahaku, que só poderá jogar pelo Sporting a partir da próxima época, mas que já conta com quatro internacionalizações pelo seu país. Abdul Mumin, central do Vitória de Guimarães, também já foi chamado mas ainda não se estreou.

Para não variar na sensação de “deja vú” deste Grupo H, o Gana já defrontou Portugal numa edição anterior do Mundial. Foi em 2014, num jogo em que Cristiano Ronaldo marcou aos 81’ o golo do triunfo da selecção então orientada por Paulo Bento, insuficiente para chegar aos oitavos-de-final.