A fortuna protegeu Portugal no sorteio do Mundial 2022
Estar no pote 1 do sorteio protegeu a selecção nacional de um grupo difícil no Qatar. Há, porém, um Uruguai capaz de voltar a criar problemas a Portugal, tal como fez no Mundial 2018.
Depois de Sérvia, República da Irlanda, Azerbaijão e Luxemburgo na fase de grupos, mais Turquia e Macedónia do Norte no play-off – e nem a poderosa Itália apareceu –, Portugal ainda não gastou toda a fortuna no que diz respeito ao Mundial 2022.
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Depois de Sérvia, República da Irlanda, Azerbaijão e Luxemburgo na fase de grupos, mais Turquia e Macedónia do Norte no play-off – e nem a poderosa Itália apareceu –, Portugal ainda não gastou toda a fortuna no que diz respeito ao Mundial 2022.
Nesta sexta-feira, o sorteio do certame do Qatar ditou que a selecção nacional vai defrontar Uruguai, Coreia do Sul e Gana no grupo H da primeira fase do “melhor Mundial de sempre” – palavra de Gianni Infantino, presidente da FIFA.
Portugal já não poderia calhar com boa parte dos “tubarões”, pela honra de estar no pote 1, mas das restantes poules ainda se livrou de todas as “favas”: não sendo um grupo fácil, uruguaios, coreanos e ganeses (cuja análise individual sairá no PÚBLICO nos próximos minutos) não eram, de todo, os mais poderosos dos respectivos potes (ver mais em baixo as possibilidades existentes).
Como trivialidade, todas estas equipas já defrontaram Portugal em Mundiais neste século: derrota com a Coreia do Sul em 2002 (1-0) e vitória com o Gana em 2006 (2-1), ambos na fase de grupos, e derrota com o Uruguai em 2018 (2-1), já nos oitavos-de-final.
Se o duelo com o Uruguai pode ser visto como um ajuste de contas depois de 2018, o jogo frente à Coreia tem duplo interesse: também um ajuste passado, com a vitória coreana em 2002, mas igualmente o encontro de Portugal e Paulo Bento, seleccionador nacional antes de Fernando Santos assumir a “batuta”.
Quando acontecerá tudo isto? Também já se sabe. Haverá Portugal-Gana a 24 de Novembro, Portugal-Uruguai a 28 e Coreia do Sul-Portugal a 2 de Dezembro. Também nisto há um detalhe afortunado para Portugal, que é das últimas equipas a entrar em campo (no último dia da primeira jornada). A vantagem advém de a FIFA apenas obrigar os clubes a libertarem os jogadores a 14 de Novembro, pelo que Fernando Santos será um dos seleccionadores com mais tempo para treinar antes do primeiro jogo.
Grupo H
Jornada 1
PORTUGAL-Gana 24 Nov
Uruguai-Coreia do Sul 24 Nov
Jornada 2
PORTUGAL-Uruguai 28 Nov
Coreia do Sul-Gana 28 Nov
Jornada 3
Coreia do Sul-PORTUGAL 2 Dez
Gana-Uruguai 2 Dez
Onde será? Isso, sim, está por definir. Já que este Mundial se distingue pela proximidade entre as cidades-sede (as mais separadas estão a 72 quilómetros uma da outra), a FIFA optou por elaborar, mais tarde, um calendário que seja mais confortável para equipas, adeptos e jornalistas. “Pela primeira vez, para optimizar detalhes relacionados com os jogos tendo em vista o benefício e conforto de adeptos, equipas e media, o calendário da fase de grupos será confirmado a seu tempo depois de os jogos serem atribuídos a um estádio e um horário em cada jornada”, pode ler-se no site da FIFA.
Seja em que estádio for, Portugal, caso ultrapasse o grupo H com sucesso, vai cruzar-se, nos oitavos-de-final, com um dos primeiros classificados do grupo G, que tem Brasil, Sérvia, Suíça e Camarões.
E o grupo da morte?
Um olhar global para o sorteio indica que parece não haver um “grupo da morte”, algo que abre, em teoria, boas perspectivas para que os favoritos avancem para a fase seguinte. Até porque, geralmente, mesmo em grupos difíceis, costuma haver prevalência daqueles que ocupam as melhores posições do ranking – como Portugal.
Um levantamento feito nesta sexta-feira pelo jornalista António Tadeia aponta que, nos últimos dois Mundiais, 81% das equipas do top-8 do mundo ultrapassaram a fase de grupos – as excepções foram a Alemanha, em 2018 (caiu perante Suécia e México), a Espanha, em 2014 (Chile e Países Baixos), e Portugal, também em 2014 (Alemanha e Estados Unidos).
Entre os “tubarões”, o “vencedor” do sorteio parece ser a campeã do mundo. A França tem a Dinamarca, rival europeu de respeito, mas dificilmente as outras duas equipas terão valências para fazer frente à Europa: falamos da Tunísia e, depois, de uma equipa entre Emirados Árabes Unidos, Austrália e Peru (a definir num play-off).
No prisma oposto, o Brasil poderá ter sido um dos mais azarados, já que não só calhou com a Sérvia, equipa mais forte do pote 3, como ainda vai defrontar a experiente Suíça e, em tese, a equipa mais forte do pote 4, os Camarões.
Há depois, grupos com duas equipas claramente mais fortes. É o caso do E, com Alemanha e Espanha claramente à frente do Japão e de Costa Rica/Nova Zelândia, e do F, com Bélgica e Croácia teoricamente capazes de deixarem para trás Canadá e Marrocos.
Mais abertos podem ser os grupos A (Senegal e Equador terão, em teoria, uma vaga disponível atrás dos Países Baixos) e o C (México e Polónia num segundo patamar atrás da Argentina).
Por fim, o grupo mais interessante poderá mesmo ser, por vários motivos, o grupo B, com Inglaterra, Estados Unidos, Irão e o vencedor do play-off europeu entre Ucrânia, País de Gales, Escócia e Áustria.
No plano desportivo, será um grupo aberto a surpresas, já que dificilmente haverá um “saco de pancada” - serão quatro equipas com alguma qualidade, sobretudo se a Ucrânia garantir o apuramento.
No prisma histórico e político, um duelo entre Irão e Estados Unidos terá um contexto geopolítico bastante rico, bem como a possibilidade de haver duelos entre os “irmãos” EUA e Inglaterra e jogos britânicos com País de Gales ou Escócia.