110 Histórias, 110 Objectos: o retrato a óleo de Alfredo Bensaude
O podcast 110 Histórias, 110 Objectos, do Instituto Superior Técnico, é um dos parceiros da Rede PÚBLICO.
No podcast 110 Histórias, 110 Objectos, um dos parceiros da Rede PÚBLICO, percorremos os 110 anos de história do Instituto Superior Técnico (IST) através dos seus objectos do passado, do presente e do futuro. Neste 40.º episódio do podcast, conhecemos o retrato a óleo de Alfredo Bensaude.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
No podcast 110 Histórias, 110 Objectos, um dos parceiros da Rede PÚBLICO, percorremos os 110 anos de história do Instituto Superior Técnico (IST) através dos seus objectos do passado, do presente e do futuro. Neste 40.º episódio do podcast, conhecemos o retrato a óleo de Alfredo Bensaude.
É o retrato de “uma figura que sai da escuridão” para iluminar o ensino da engenharia em Portugal. “Não fazemos ideia se está de pé ou se está sentado. É a mágica do Alfredo Bensaude: não precisa de se colocar onde quer que seja para mostrar aquilo que é”. A descrição é de Ana Mafalda Cardeira, professora do ensino do 3.º ciclo e secundário e doutorada em Belas Artes, e refere-se ao retrato a óleo de Alfredo Bensaude (1856 – 1941), datado de 1924, actualmente na sala do presidente do Técnico, no campus Alameda, em Lisboa.
O retrato terá sido pintado por João Reis (1899-1982) – e não por Ricardo Bensaude como se acreditava até à elaboração deste episódio – no âmbito da sessão solene de homenagem a Alfredo Bensaude, o primeiro director do IST, que exerceu o cargo entre 1911 e 1922. A homenagem surge a partir de uma encomenda do então Conselho Escolar do Técnico, feita em 1924, também o mesmo em que Alfredo Bensaude foi nomeado director honorário do Instituto Superior Técnico.
O “formador, pedagogo, uma espécie de génio”, nas palavras de Ana Mafalda Cardeira, aparece no retrato sem qualquer tipo de adereços. “É um sentido que João Reis dá a esta pintura. Não há necessidade de aceitar elementos quando a figura está tão bem representada”. O retrato realça e ilumina a cabeça de Alfredo Bensaude, destacando assim as suas ideias, a sua mente. “Aqui está a poética do João Reis, que se vê muito bem nesse quadro”, defende.
Palmira Silva, docente no Departamento de Engenharia Química do Instituto Superior Técnico, foi responsável pela programação das comemorações do centenário do IST, em 2011, sendo na altura membro do Conselho de Gestão (CG) da escola. Viu o quadro pelas primeiras vezes em 2009, quando se sentava na mesa de reuniões da sala do presidente. “No início o que tínhamos era só aquele quadro, aquela imagem daquele senhor de bigode e não sabíamos muito mais sobre ele. Depois foi-se tornando uma personagem absolutamente fascinante à medida que íamos descobrindo as características e a forma fantástica como ele pensava”, recorda.
O quadro de Alfredo Bensaude deu, de resto, o mote para o trabalho desenvolvido nas comemorações do centenário. “O Técnico deve a Alfredo Bensaude ser a escola de referência que é hoje porque foram essas as bases com que foi criada. Insistia, por exemplo, num ensino muito rigoroso da matemática, com bases muito fortes de física, tendo contratado docentes estrangeiros”, descreve. Uma das suas máximas - “uma escola de amadores não forma bons profissionais” – foi, de resto, adoptada por gerações de alunos e professores do IST.
Bensaude deixou como uma das suas grandes heranças a proposta de reestruturação do ensino da engenharia em Portugal, apoiada na opinião dos alunos, aceite pelo governo republicano e que daria origem à criação do IST, em 1911. Os seus 11 anos de director, após doutoramento em Engenharia de Minas, na Alemanha, foram ainda marcados pela procura de novas instalações para o Instituto Superior Técnico, mas viria a sair sem conseguir concretizar esse “sonho”.
“Agora já não o vejo como um senhor de idade com um bigode. Quando olho para o quadro já vejo todas as fases do Bensaude e olho para ele de uma maneira completamente diferente”, acrescenta Palmira Silva. E não só vê tudo isso, como “ouve” instrumentos musicais. Explicando: Bensaude foi também um exímio construtor (amador) de violinos (ver episódio 1). Um deles foi recuperado pelo Técnico e outro emprestado pela família para a inauguração da exposição do centenário do IST, que contou com um pequeno concerto com ambos os violinos no átrio do pavilhão Central do campus Alameda. “Quando olho para o retrato ouço os violinos”.
O podcast 110 Histórias, 110 Objectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. É um programa do Instituto Superior Técnico com realização de Marco António (366 ideias) e colaboração da equipa do IST composta por Filipa Soares, Sílvio Mendes, Débora Rodrigues, Patrícia Guerreiro, Leandro Contreras, Pedro Garvão Pereira e Joana Lobo Antunes.
Siga o podcast 110 Histórias, 110 Objectos no Spotify, na Apple Podcasts ou em outras aplicações para podcast.
Conheça os podcasts da Rede PÚBLICO em publico.pt/podcasts.