Google começa testes globais para acabar com cookies sem prejudicar publicidade

A Google deu mais um passo para barrar o uso de cookies dos seus serviços até 2023. A missão é proteger a privacidade dos utilizadores.

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A missão da Google foi anunciada em 2019 Nathan Reboucas/Unsplash

Depois de alguns atrasos, a Google começou testes globais para barrar permanentemente os cookies de terceiros dos seus serviços, os pequenos ficheiros online usados para aceder aos hábitos de pesquisa dos internautas e uma das bases da publicidade online. Desde Março de 2021 que a rival Apple permite aos utilizadores bloqueá-los. Só que o objectivo da Google, primeiro anunciado em 2019, é acabar com cookies sem prejudicar as marcas que os usam para vender publicidade.

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Depois de alguns atrasos, a Google começou testes globais para barrar permanentemente os cookies de terceiros dos seus serviços, os pequenos ficheiros online usados para aceder aos hábitos de pesquisa dos internautas e uma das bases da publicidade online. Desde Março de 2021 que a rival Apple permite aos utilizadores bloqueá-los. Só que o objectivo da Google, primeiro anunciado em 2019, é acabar com cookies sem prejudicar as marcas que os usam para vender publicidade.

“Estamos ansiosos para que as empresas nos dêem a sua opinião à medida que avançam com as diferentes fases de testes”, salienta em comunicado Vinay Goel, director de produto da Privacy Sanbox que é a iniciativa da Google para encontrar alternativas aos cookies.

Os primeiros testes vão se focar no navegador Chrome. Regra geral, os cookies de terceiros (também conhecidos por rastreadores) armazenam informações básicas e hábitos de pesquisa dos utilizadores (localização, interesse, género, língua) que são relevantes às marcas que querem vender produtos online. Há anos que a forma como essa informação é guardada, e com quem é partilhada, levanta dúvidas sobre a protecção de dados. Só que eliminá-los por completo pode significar um prejuízo significativo às marcas que os usam, com empresas de tecnologia, reguladores e empresas de publicidade a criticarem a iniciativa da Google — este é um dos motivos que levou a tecnológica a atrasar um ano os planos para eliminar cookies (de 2022 para 2023).

Segundo dados de Novembro da empresa de marketing Consumer Acquisition, empresas de publicidade para serviços da Apple tiveram perdas na ordem dos 20% depois de a tecnológica começar a impedir o uso de cookies sem autorização.

A alternativa Google

A Google está a tentar procurar alternativas através da Privacy Sanbox. Uma das hipóteses é programar “tópicos de interesse” (Topics API): neste caso, os sites passam a armazenar apenas alguns interesses dos utilizadores com base nas pesquisas online (por exemplo, literatura e viagens) e não os guardam em servidores externos. Os tópicos escolhidos são apagados a cada três semanas e excluem tópicos sensíveis como o género ou a religião. Também há propostas sobre como as marcas podem criar e cultivar os seus próprios públicos, sem cookies de terceiros.

Ainda assim, o projecto da Google tem sido alvo de escrutínio de reguladores internacionais e associações de empresas online. Em Janeiro, por exemplo, a federação de editores de jornais alemães (BDZV) pediu à União Europeia para impedir a Google de deixar de utilizar cookies de terceiros devido ao impacto para a receita de empresas europeias.

A Google incentiva os programadores a usar soluções da Privacy Sandbox “a partilharem opiniões publicamente e com o Chrome”. A empresa acrescenta que está a trabalhar em controlos para utilizadores poderem ver e gerir os interesses associados a si através de esquemas como o Topics API.

A tecnológica espera deixar de depender de cookies até 2023.