Cansado de “trabalhar sem condições”, médico veterano abandona SNS

Aos 62 anos, depois de quase quatro décadas no Serviço Nacional de Saúde, o médico Jorge Teixeira decidiu ir trabalhar para um hospital privado.

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Jorge Teixeira ao PÚBLICO: "A situação ficou insustentável" DR

Ao fim de 38 anos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), 23 dos quais a dirigir serviços de urgência, Jorge Teixeira decidiu abandonar o barco e ir trabalhar para um hospital privado. “Enchi o saco, fartei-me de trabalhar sem condições”, explica o médico de 62 anos que integrou alguns dos grupos de trabalho que se foram sucedendo ao longo dos anos para estudar e propor reestrturações do modelo e da rede de urgências. “Toda a vida trabalhei no SNS e sempre fiz urgências, mas a situação ficou insustentável e não vejo soluções. Como achei que não conseguia mudar nada, mudei-me eu”, declara o médico veterano, que se prepara para começar a trabalhar num hospital privado do Porto.

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Ao fim de 38 anos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), 23 dos quais a dirigir serviços de urgência, Jorge Teixeira decidiu abandonar o barco e ir trabalhar para um hospital privado. “Enchi o saco, fartei-me de trabalhar sem condições”, explica o médico de 62 anos que integrou alguns dos grupos de trabalho que se foram sucedendo ao longo dos anos para estudar e propor reestrturações do modelo e da rede de urgências. “Toda a vida trabalhei no SNS e sempre fiz urgências, mas a situação ficou insustentável e não vejo soluções. Como achei que não conseguia mudar nada, mudei-me eu”, declara o médico veterano, que se prepara para começar a trabalhar num hospital privado do Porto.

A sua saída acontece depois de a situação se ter complicado no serviço de urgência do Hospital de Braga. Em protesto contra a degradação das condições de trabalho, mais de metade dos chefes de equipa desta urgência pediram a demissão em bloco em Outubro passado e a falta de recursos foi-se agravando à medida que a procura se foi aproximando dos níveis pré-pandémicos. Apesar de ser dos poucos hospitais públicos do país a ter equipas fixas ou dedicadas no SU, Braga deixou de ter autonomia para fazer contratações e pagar mais aos profissionais, depois de ter deixado de ser gerida em parceria público-privada.

“[Em Braga] cheguei a ter uma equipa dedicada com 35 profissionais e agora são 20 e poucos. Fui vencido pelas circunstâncias”, lamenta Jorge Teixeira. E avisa: “Os médicos ganham pouco para aquilo que fazem e estão a ficar cansados. A situação vai ficar incomportável nos hospitais não tarda nada. Se os privados continuarem a crescer, o SNS vai assistir a uma grande debandada de médicos. É preciso coragem política para tomar decisões.”