Borrell diz que acordo nuclear com o Irão está “muito próximo”
Depois da paragem abrupta das negociações sobre o acordo nuclear de Teerão devido à invasão da Ucrânia, existe esperança do lado da UE, dos EUA e do Irão de que a sua concretização esteja cada vez mais próxima.
- Em directo. Siga os últimos desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia
- Guia visual: mapas, vídeos e imagens que explicam a guerra
- Especial: Guerra na Ucrânia
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
- Em directo. Siga os últimos desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia
- Guia visual: mapas, vídeos e imagens que explicam a guerra
- Especial: Guerra na Ucrânia
O Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse neste sábado que o Irão e as potências mundiais estão “muito próximos” de chegar a um entendimento sobre o reatar do acordo nuclear de 2015, que restringia o programa nuclear de Teerão em troca da suspensão de sanções duras aplicadas pelos Estados Unidos.
Depois de 11 meses de negociações para este novo entendimento, interrompidos pela invasão russa da Ucrânia que chegou a ameaçar a sua concretização, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, afirmou ter recebido garantias escritas de Washington de que as sanções ocidentais contra Moscovo por causa do conflito não afectariam a cooperação russa com o Irão. Isto porque os EUA não tencionam punir a participação russa em projectos nucleares iranianos previstos na nova versão do acordo.
Desta forma, Borrel afirmou, num discurso na conferência internacional do Fórum de Doha: “Agora estamos muito mais perto de um acordo e espero que seja possível.”
Ressalvou também que o fracasso dos esforços para restaurar este pacto poderá acarretar o risco de uma guerra regional, levar a sanções ocidentais mais duras ao Irão, bem como criar uma pressão permanente sobre os preços mundiais do petróleo que já estão demasiado altos devido ao conflito na Ucrânia.
O negociador da União Europeia para o acordo nuclear com o Irão, Enrique Mora, viaja este sábado para o Teerão com a esperança de resolver os últimos obstáculos para chegar ao acordo. Vai encontrar-se com o seu intrelocutor iraniano, Ali Baquerí, com a intenção de “trabalhar na remoção dos restantes impedimentos”, disse Mora na sua página oficial do Twitter. “Temos que concluir esta negociação. Há muito em jogo”, concluiu.
Travelling to Tehran tomorrow to meet @Bagheri_Kani. Working on closing the remaining gaps in the #ViennaTalks on the #JCPOA. We must conclude this negotiation. Much is at stake.
— Enrique Mora (@enriquemora_) March 25, 2022
Existem duas questões de maior dimensão pendentes de discussão: o Irão quer que os EUA deixem de considerar como organização terrorista estrangeira o seu corpo de elite militar, os Guardas da Revolução, e que todas as sanções contra os seus líderes sejam levantadas.
“Certamente a questão de [levantar as sanções dos] Guardas faz parte das negociações”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir Abdollahian, à televisão estatal iraniana.
No entanto, o ministro referiu que o acordo não será adiado por causa das sanções aos comandantes dos Guardas da Revolução se estiver em causa o interesse do povo, mas acrescentou que o Irão não cruzará a sua “linha vermelha”. Diz, portanto, acreditar que um acordo nuclear pode ser alcançado a curto prazo se os Estados Unidos forem pragmáticos, e mostrou-se optimista sobre as perspectivas de que o acordo possa também beneficiar todos os países da região.