Reservas nos hotéis para a Páscoa crescem e aproximam-se de níveis de 2019
Cadeias hoteleiras a operar em Portugal admitem a necessidade de ajustes de preços, tendo em conta o contexto actual, e que poderá reflectir-se, sobretudo na alimentação e bebidas.
As cadeias hoteleiras estão a registar aumentos significativos nas reservas para a Páscoa e a aproximarem-se, em alguns casos, dos níveis registados em 2019, antes da pandemia de covid-19, disseram cinco grupos a operar em Portugal à Lusa.
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As cadeias hoteleiras estão a registar aumentos significativos nas reservas para a Páscoa e a aproximarem-se, em alguns casos, dos níveis registados em 2019, antes da pandemia de covid-19, disseram cinco grupos a operar em Portugal à Lusa.
O grupo Stay Hotels, que detém 11 unidades hoteleiras em Portugal, disse à Lusa, em respostas por escrito, que desde o início do ano tem “registado uma melhoria significativa e contínua na taxa de ocupação de todas as unidades do país”, sendo que “para a altura da Páscoa” os hotéis estão “praticamente lotados, com uma taxa de ocupação acima dos 95% nas cidades do Porto e Lisboa”.
Noutras localidades, como em Guimarães e Faro, a taxa de ocupação actual “é moderada, a rondar os 35%”, mas o grupo acredita que esta “irá subir nas próximas semanas”.
“A procura é claramente superior em todas as unidades do grupo comparativamente ao período homólogo de 2021, altura em que vigorava a proibição de circulação entre concelhos como medida de prevenção e controlo da pandemia covid-19”, acrescentam. Assim, o grupo espera, este ano, “retomar os níveis de actividade “pré-covid” e está “já a preparar a época alta que se aproxima”, reforçam.
Já o administrador do grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida, sublinhou que tendo em “conta o volume de reservas já registado” acredita que “a Páscoa marcará a retoma efectiva do turismo em Portugal”.
“Temos uma perspectiva positiva, esperando-se taxas de ocupação acima de 80%, já em linha com o registado em 2019, com procura tanto de turistas nacionais como de estrangeiros, por exemplo do Reino Unido, Irlanda – também devido ao mercado do golfe – ou Alemanha”, indicou à Lusa.
Segundo o administrador, “no geral, todas as regiões estão com procura”, mas destaca-se “o Algarve, o Alentejo, ou Douro e Braga, mais a norte”.
No Grupo Pestana, o presidente executivo (CEO), José Theotónio, deu conta de que desde o início de Fevereiro se tem assistido “a uma evolução positiva das reservas, nomeadamente em destinos tradicionalmente de lazer, como a Madeira e Algarve”.
Para o responsável, “ainda que esta tendência se tenha vindo a consolidar semana após semana”, a mesma “abrandou com o eclodir da guerra na Ucrânia e não será suficiente” para um mês de Abril idêntico a 2019, indicou.
“Durante o próximo mês, na maioria dos hotéis e pousadas, a queda face a 2019 será inferior a 20%, mas ainda teremos um caminho de recuperação a percorrer nos próximos meses”, referiu, acrescentando que “no período de Páscoa, a taxa de ocupação poderá ser superior a 70% na maioria das unidades em Portugal, principalmente com clientes portugueses, mas também com uma boa recuperação de alguns mercados emissores tradicionais, nomeadamente, o inglês e o espanhol que é particularmente forte nesta época”.
Por seu lado, Graça Guimarães, que lidera a área de vendas globais da Savoy Signature, grupo com seis unidades hoteleiras, localizadas na Madeira, referiu que, face a 2021, a cadeia aponta que “as reservas estão a ser concretizadas com mais antecedência”, sendo que “com o aliviar das restrições associadas à pandemia, a vontade em voltar a viajar intensificou-se e a retoma das viagens tem vindo a ser feita com mais planeamento e ligeira redução das reservas ‘last-minute’ [de última hora]”.
Neste grupo, as perspectivas para a Páscoa são “muito positivas”, sublinhou.
“Prevemos registar uma ocupação perto dos 100% na maioria dos hotéis do Funchal (Royal Savoy, Gardens, NEXT) e ultrapassar os 70% no Savoy Palace (também no Funchal)”, referiu a mesma responsável.
Já na zona oeste da ilha, “a expectativa é atingir os 100% no Calheta Beach e no Saccharum”, com o grupo a contar com “reservas provenientes dos principais mercados tradicionais, nomeadamente Reino Unido, Alemanha, França e Escandinávia”.
Pelo contrário, e tendo em conta a invasão da Ucrânia, houve uma redução “imediata” nas “reservas de vários mercados de leste que estavam em crescimento”, mas “o mercado interno continua a gerar muita procura pelo destino Madeira”, acrescentou.
Jorge Lopes, director do desenvolvimento de negócios do grupo Minor Hotels, em Portugal, onde detém diversas marcas, referiu que “comparativamente a 2019, e face ao mesmo período pré-pandemia”, existe “um crescimento de 60% nas ocupações para o período das férias de Páscoa”.
De acordo com o mesmo responsável, “a região do Algarve é a região nacional que regista maior crescimento”.
“Estamos a assistir a uma retoma exponencial com particular expressão nos hotéis do Algarve, que já apresentam um desvio positivo de 30% para o período de verão face a 2019”, detalhou.
Aumento de preços
Em 24 de Março, a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira disse à Lusa que o aumento dos preços nos hotéis devido à subida de custos relacionados com a inflação, matérias-primas e outros, agravados pela guerra, “já está a acontecer”, tal como tem vindo a ser antecipado pelo sector.
Individualmente, as cadeias hoteleiras a operar em Portugal também admitem a necessidade de ajustes, tendo em conta o contexto actual, e que poderá reflectir-se, sobretudo na alimentação e bebidas.
O CEO do grupo Pestana lembra que, “apesar da recuperação, o sector continua numa situação desafiante, porque enquanto nos últimos dois anos a pressão só esteve do lado da receita, com uma queda abrupta da procura devido à pandemia”, ao que acresce, “nos dias de hoje, a que deriva da guerra na Europa”.
“No actual contexto há uma pressão adicional do lado da estrutura de custos, com aumentos elevados em áreas como a dos combustíveis, energia e matérias-primas”, referiu ainda José Theotónio, não especificando se a empresa vai subir preços.
Por sua vez, o administrador do Vila Galé referiu que “por agora” esse aumento geral ainda não aconteceu e que tentarão que “não aconteça”, mas admite “ser necessário fazer algum ajuste”.
“Relativamente à área da alimentação e bebidas, certamente teremos de fazer”, sublinhou Gonçalo Rebelo de Almeida.
O grupo Stay Hotels disse que estes aumentos “estão a ter impactos directos e indirectos não só no sector turístico, mas também nos restantes”, salientando que a sua “estratégia de preço será ajustada a cada momento, garantindo sempre” um dos seus principais atributos, o “Value for Money”, referiu.
Graça Guimarães, do Savoy Signature, afirma que já se assiste “a um aumento de preços em vários produtos”. Por isso, será “inevitável que esta situação tenha impacto na hotelaria e nos valores praticados”.
“Na Savoy Signature, tentaremos fazer um esforço para absorver alguns custos, porém será inevitável que existam ajustamentos devido ao aumento muito significativo de algumas matérias-primas”, destacou.
Por sua vez, Jorge Lopes, garante que no Minor Hotels o crescimento dos preços “tem sido essencialmente motivado pela crescente procura”.
“A título de exemplo os nossos preços médios têm subido na ordem de 40% a 50% comparativamente a 2019. No entanto, como resultado dos aumentos das matérias-primas e energia, fomos efectivamente forçados a ajustar os preços na área de alimentação e bebidas, com especial impacto na área de eventos”, rematou.