Presidente da Série A fala em “fracasso de todo o futebol italiano”

A selecção de Itália falha o acesso ao Mundial pela segunda vez consecutiva. Arrigo Sachi aponta um “atraso cultural”.

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A desilusão de Marco Verratti no final da partida UEFA

O presidente da Serie A, Lorenzo Casini, alargou o “fracasso” da selecção de Itália nos play-off europeus de qualificação para o Mundial2022 a todo o futebol italiano, sugerindo que “deve motivar uma séria reflexão e mudança de paradigma”.

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O presidente da Serie A, Lorenzo Casini, alargou o “fracasso” da selecção de Itália nos play-off europeus de qualificação para o Mundial2022 a todo o futebol italiano, sugerindo que “deve motivar uma séria reflexão e mudança de paradigma”.

A Itália perdeu na quinta-feira, por 0-1, com a Macedónia do Norte, em Palermo, nas meias-finais do play-off, falhando pela segunda vez consecutiva o apuramento para o Campeonato do Mundo e permitindo à selecção dos Balcãs discutir o acesso ao Mundial2022 com Portugal, na terça-feira, no Porto.

“O falhanço na qualificação para a fase final do Mundial é um fracasso de todo o futebol italiano, que deve motivar uma séria reflexão e mudança de paradigma”, defendeu Casini, que foi recentemente designado presidente da Liga italiana.

A Itália era clara favorita, mas o golo marcado por Trajkovski, aos 90+2 minutos, afastou os campeões europeus da final do play-off de apuramento e colocou a Macedónia do Norte no caminho de Portugal, que na quinta-feira se impôs por 3-1 à Turquia, também no Porto, nas meias-finais.

O antigo seleccionador italiano Arrigo Sacchi lamentou que o futebol transalpino não tenha “ganhado nada” desde que o Inter Milão, treinado pelo português José Mourinho, conquistou a Liga dos Campeões, em 2010: “A vitória da selecção nacional no Europeu [de 2020] foi uma maravilhosa excepção”, vincou.

“O problema é grave. O futebol italiano sofre de um atraso cultural, não existem ideias inovadoras. Outros países estão a evoluir e nós estamos parados há 60 anos. Digo-o abertamente: o treinador e os jogadores são os menos culpados. O problema é institucional”, sustentou Sacchi, que treinou a “squadra azzurra” entre 1991 e 1996, conduzindo-a à final do Mundial1994, perdida para o Brasil.

O capitão da selecção, Giorgio Chiellini, também não escondeu o desalento no final de uma partida que a Itália dominou por completo, mas em que foi surpreendida nos derradeiros instantes. “É difícil explicar. Há uma grande decepção. Estamos destruídos. Falhámos muitos golos, mas não foi por excesso de confiança. Obviamente que faltou qualquer coisa. Temos que começar de novo e espero que [Roberto] Mancini continue. Precisamos dele”, disse o defesa central, de 37 anos.

A continuidade do actual seleccionador está a ser tema de conversa, sendo que o próprio Mancini teve dificuldades em explicar o que aconteceu. “Em Julho passado, vivi a maior alegria da minha carreira no Campeonato da Europa [com o triunfo na competição]. Agora vivo a maior decepção. Isto é futebol, às vezes coisas incríveis acontecem”, sublinhou.