Sismos nos Açores: acesso às fajãs das Velas vai ser proibido e a população retirada
A medida, que até aqui era uma recomendação, vai ter carácter obrigatório. No concelho de Velas vivem 4936 pessoas.
Os habitantes das fajãs do concelho das Velas, em São Jorge, vão ser retirados, passando a ser proibido ir para aquelas zonas devido à crise sismovulcânica, revelou esta quinta-feira o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro.
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Os habitantes das fajãs do concelho das Velas, em São Jorge, vão ser retirados, passando a ser proibido ir para aquelas zonas devido à crise sismovulcânica, revelou esta quinta-feira o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro.
“Foi declarada situação de alerta para uma referência muito específica para garantir que haja condicionamentos de acesso às fajãs do concelho de Velas na ilha de são Jorge, bem como evacuação dos residentes das mesmas”, afirmou aos jornalistas, nas Velas, no balanço da visita à ilha. O líder regional (PSD/CDS-PP/PPM) afirmou que a decisão é tomada com base na declaração de alerta e que vai vigorar das 00h00 de sábado até às 23h59 de segunda-feira.
A interdição e evacuação das fajãs justifica-se pelos níveis de sismicidade e pela “perigosidade prevista para sábado e domingo de manhã” devido às condições meteorológicas, explicou José Manuel Bolieiro.
A medida, que até aqui era uma recomendação, vai ter carácter obrigatório: “A declaração de alerta tem, no termo da lei de bases de protecção civil, bem como do decreto legislativo regional que regulamenta nos Açores a protecção civil, esta eficácia que é determinativa e por isso obrigatória. Quem não fizer esse cumprimento está em desobediência”, avançou o chefe do executivo açoriano.
A ilha de São Jorge tem mais de sete dezenas de fajãs — pequenas planícies junto ao mar que tiveram origem em desabamentos de terras ou lava — que são, desde 2016, Reserva da Biosfera da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura e dos locais mais procurados pelos turistas.
O presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, alertou hoje que a chuva prevista para sexta-feira e sábado, conjugada com a crise sísmica, pode provocar desabamentos em São Jorge. A actividade sísmica na ilha de São Jorge “continua acima do normal” e nas últimas horas “foram sentidos 11 sismos”, informou hoje o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa “possibilidade real de erupção”. Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afectada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.
Também na quarta-feira, a Protecção Civil dos Açores activou o Plano Regional de Emergência devido à elevada actividade sísmica que se regista em São Jorge desde sábado. Os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha, Calheta e Velas, também já foram activados.
A ilha está organizada administrativamente em dois concelhos, Velas e Calheta, onde vivem, respectivamente, 4936 e 3437 pessoas, segundo os dados provisórios dos censos da população de 2021.