Recondução de Marta Temido é “uma pena”, diz bastonária da Ordem dos Enfermeiros
Ana Rita Cavaco lamenta recondução da ministra da Saúde mas bastonário da Ordem dos Farmacêuticos diz que é “uma escolha acertada”.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, considerou “uma pena” a recondução de Marta Temido como ministra da Saúde, defendendo que, se não mudar de trajectória, “ficará na história como a pior ministra” desta área. Em sentido oposto, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, classificou como “uma escolha acertada” a recondução de Marta Temido, desejando-lhe as “maiores felicidades” nestes “tempos complicados” pós-pandémicos e de guerra.
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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, considerou “uma pena” a recondução de Marta Temido como ministra da Saúde, defendendo que, se não mudar de trajectória, “ficará na história como a pior ministra” desta área. Em sentido oposto, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, classificou como “uma escolha acertada” a recondução de Marta Temido, desejando-lhe as “maiores felicidades” nestes “tempos complicados” pós-pandémicos e de guerra.
“Vamos continuar a ajudar sempre, mas é uma pessoa que, se não corrigir a trajectória, fica na história como a pior ministra da Saúde”, disse Ana Rita Cavaco, salientando que, da primeira vez que a ministra foi nomeada, a Ordem dos Enfermeiros deu o “benefício da dúvida, mas este foi um caminho muito difícil”.
É “uma ministra que não fala com ninguém”, lamentou Ana Rita Cavaco, lembrando que Marta Temido “nunca quis discutir o internato da especialidade dos enfermeiros e não foi feita uma única reforma do Serviço Nacional de Saúde [SNS]”. Para a bastonária, é necessária uma reforma profunda da forma de financiamento do SNS, “que não pode estar centrado nos hospitais”, mas sim nos cuidados de saúde primários e na comunidade.
Satisfeito com a recondução de Marta Temido, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos sublinhou, pelo contrário, que esta é “uma notícia bastante agradável”, recordando que já teve oportunidade de trabalhar com ela noutras situações.
“Sei a competência dela, sei o seu envolvimento relativamente à saúde e o empenho que põe no desenvolvimento da saúde em Portugal, umas vezes teve mais sucesso e, agora olhando para trás, outras vezes menos, mas é sem dúvida alguém com quem terei todo o prazer em trabalhar agora como bastonário da Ordem dos Farmacêuticos”, declarou.
“[Quero] desejar-lhe as maiores felicidades que é o que todos nós precisamos e ela em particular nestes tempos complicados pós pandémicos e de guerra”, salientou. “Tivemos a pandemia, deixámos os doentes não-covid significativamente para trás. Temos esse esforço todo que temos que compensar agora numa situação em que o SNS já estava com dificuldade de dar resposta e agora numa situação de guerra que do ponto de vista económico a da própria organização torna tudo ainda mais complicado”, vincou.
Já o secretário-geral do Sindicato Independente do Médicos, Jorge Roque da Cunha, manifestou “alguma esperança” que Marta Temido altere a sua “atitude de arrogância” e dialogue com as estruturas sindicais do sector. “O senhor primeiro-ministro naturalmente tem toda a legitimidade para escolher o Governo e em relação a isso nada a dizer. Já em relação a Marta Temido, alguma esperança para que a atitude de arrogância e a incapacidade de diálogo seja alterada”, afirmou.
Segundo Jorge Roque da Cunha, através do diálogo com os sindicatos, “coisa que se recusou ao longo do seu mandato”, será possível “mitigar a incapacidade que demonstrou em aumentar o investimento no Serviço Nacional de Saúde e em reverter o aumento de utentes sem médico”. Segundo o dirigente sindical, quando Marta Temido tomou posse havia cerca de 600 mil portugueses sem médico de família e “neste momento são cerca 1,2 milhões portugueses”.
Após admitir algum “pessimismo em relação à capacidade” de Marta Temido em melhorar o Serviço Nacional de Saúde, Roque da Cunha manifestou a disponibilidade do sindicato para contribuir, através da sua intervenção, para que “haja mais investimento no SNS, menos médicos a sair”, assim como para a diminuição das listas de espera e dos tempos de espera para cirurgias e consultas.
A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses Guadalupe Simões desafiou igualmente a ministra da Saúde a resolver os “problemas” desta classe profissional o “mais rapidamente possível”, alegando que Marta Temido conhece os dossiers e as soluções. “O que se espera é que, o mais rapidamente possível, estes problemas sejam resolvidos”, uma vez que Marta Temido “não precisa de perder tempo em inteirar-se” destas matérias, disse.
Para a sindicalista, a ministra é “conhecedora dos problemas e das propostas de solução”, já existindo mesmo a decisão política em relação a algumas das questões reivindicadas pelos enfermeiros. Desde logo, a contabilização dos pontos aos enfermeiros para efeitos de progressão na carreira que Marta Temido “assumiu como compromisso que iria resolver, tal qual como o primeiro-ministro”, destacou.
“Entendemos que esse problema pode ser de imediato resolvido. Só é preciso que sejam dadas as orientações para as instituições, tendo em conta que a decisão política já foi tomada”, sublinhou.
Segundo disse, outra das questões que o SEP quer ver resolvida prende-se com a valorização salarial dos enfermeiros, “tendo em conta que a ministra Marta Temido impôs uma carreira em 2019 aos enfermeiros que, ao invés de os valorizar os enfermeiros, os desvalorizou”.