PJ detém três suspeitos de estarem envolvidos no homicídio de agente da PSP

A detenção não foi feita de imediato porque, pelas leis militares, é necessária a presença de um oficial superior.

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Os dois fuzileiros ficaram retidos na Base do Alfeite NFS - Nuno Ferreira Santos

A Polícia Judiciária (PJ) foi à Base Naval do Alfeite, em Almada, deter os dois fuzileiros suspeitos de estarem envolvidos nas agressões ao agente da PSP Fábio Guerra, de 26 anos, que acabou por morrer no Hospital de São José, esta segunda-feira de manhã. Um terceiro suspeito foi igualmente detido. Uma procuradora acompanhou a operação policial.

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A Polícia Judiciária (PJ) foi à Base Naval do Alfeite, em Almada, deter os dois fuzileiros suspeitos de estarem envolvidos nas agressões ao agente da PSP Fábio Guerra, de 26 anos, que acabou por morrer no Hospital de São José, esta segunda-feira de manhã. Um terceiro suspeito foi igualmente detido. Uma procuradora acompanhou a operação policial.

O mais novo dos três arguidos tem 21 anos e o mais velho 24. Todos estavam ligados ao universo dos ginásios e dos anabolizantes, substâncias consumidas como doping tanto em sectores profissionais como amadores. Segundo um comunicado da Judiciária, recaem sobre eles “fortes indícios da prática de crimes de homicídio qualificado e ofensa à integridade física qualificada”. Pelo menos um deles terá cadastro por agressões anteriores. Uns treinam num clube de boxe em Sesimbra, enquanto outros são da zona do Montijo.

Na sequência das agressões, na madrugada de sábado, junto à discoteca Mome, em Lisboa, o agente da PSP ficou em coma, acabando por morrer esta manhã, enquanto outros três colegas tiveram de receber tratamento hospitalar. A PJ não deteve os dois militares imediatamente depois de entrar na base naval porque, pelas leis militares, é necessária a presença de um oficial superior. Nenhum deles é efectivo da Marinha: ambos estavam em regime de contrato neste ramo das Forças Armadas, situação que pode manter-se durante um máximo de seis anos. Estes suspeitos foram levados da base naval cerca das 23h30.

“As diligências efectuadas permitiram reunir fortes indícios da autoria dos crimes praticados e sustentaram a emissão, pela autoridade judiciária competente, de mandados de detenção, fora de flagrante delito”, explica a Judiciária, acrescentando que foram feitas buscas domiciliárias e não domiciliárias aos três arguidos, “incidindo sobre as suas residências, viaturas e unidade militar”.

“Tais diligências investigatórias, de carácter urgente, realizadas ininterruptamente pela Polícia Judiciária, desde o momento da comunicação dos crimes graves em causa, contaram com o total empenho da PSP”, refere ainda o comunicado em causa.

Ao que o PÚBLICO apurou, os dois militares, que contactaram voluntariamente as chefias e receberam imediatamente ordens para se apresentarem na Base Naval do Alfeite, onde estiveram retidos de domingo até hoje, foram ouvidos no âmbito de um processo de averiguações interno da Marinha e alegaram que agiram em legítima defesa quando um grupo, com umas dezenas de indivíduos, lhes fez uma espera à porta da discoteca e os agrediu. Assumem o seu envolvimento na rixa, mas negam ter pontapeado o agente da PSP na cabeça.

Alegam que os agentes já estariam junto a esse grupo e que terá sido um outro indivíduo, que não é militar, que agrediu Fábio Guerra na cabeça quando este já estava no chão. Os agentes intervieram para pôr fim a uma desordem e acabaram por ser “violentamente agredidos”, explicou a PSP.

Natural da Covilhã, Fábio Guerra era o mais velho de três irmãos. Estava em Lisboa há quatro anos e pertencia à esquadra de Alfragide, na Amadora, desde Julho de 2020.

Carlos Lopes, vice-presidente do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), colocado na secretaria da Escola Prática da Polícia, em Torres Novas, conhecia bem este agente. Ao PÚBLICO, sublinhou o facto de Fábio Guerra se deslocar uma a duas vezes por dia à secretaria da escola para saber se havia material para estudar. “É habitual os formadores deixarem material para os alunos fotocopiarem”, explicou, sublinhando que demonstrava muito interesse em aprender.

Fábio tinha um sonho: “Dizia que não queria ser agente de rua, queria mais actividade e perguntou-me o que tinha de fazer para ir para o Corpo de Intervenção”, contou Carlos Lopes, sublinhando que se percebia que este jovem “tinha nascido para ser polícia”.