Colin e Donna achavam ter o recorde do Guinness da maior batata. Mas, afinal, nem batata era
O casal acreditava que Dug era, sem dúvida, uma batata, e que o recorde seria deles. “Parecia uma batata, sabia a batata, crescia como uma batata. Por isso, concluí que fosse uma batata.” Mas o sequenciamento do ADN revelou uma cabaça.
Quando Colin Craig-Brown, na semana passada, recebeu um e-mail há muito esperado do Guinness World Records, o seu coração encolheu. Durante os últimos sete meses, o neozelandês e a mulher achavam que tinham encontrado a maior batata do mundo, com 7,8 quilogramas. O e-mail, no entanto, informou-os de que a sua suposta batata — a que deram o nome de Dug — não era na verdade uma batata.
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Quando Colin Craig-Brown, na semana passada, recebeu um e-mail há muito esperado do Guinness World Records, o seu coração encolheu. Durante os últimos sete meses, o neozelandês e a mulher achavam que tinham encontrado a maior batata do mundo, com 7,8 quilogramas. O e-mail, no entanto, informou-os de que a sua suposta batata — a que deram o nome de Dug — não era na verdade uma batata.
“Infelizmente o espécime não é uma batata e é, de facto, da família da cabaça”, lê-se no e-mail oficial. “Por esta razão, infelizmente, temos de desqualificar a candidatura.”
Colin, de 62 anos, não podia acreditar no que estava a ler. “Querida, eles acham que nem sequer é uma batata”, disse à mulher, Donna Craig-Brown, de 60 anos.
O casal, que vive numa pequena quinta na região de Waikato, na Ilha do Norte, ficou perplexo. Desde que tropeçaram na massa de quase oito quilos no jardim, em Agosto passado, a suposta batata — da qual Colin cortou uma fatia e provou, crua — tornou-se uma espécie de celebridade da Internet, e a espantosa descoberta foi amplamente divulgada nos meios de comunicação social, incluindo no The Washington Post.
À medida que as pessoas próximas e distantes se maravilhavam com o enorme tubérculo, o casal decidiu apresentar um pedido ao Guinness World Records para “a batata mais pesada do mundo”, título actualmente detido por um exemplar de 4,8 quilos, submetido pelo britânico Peter Glazebrook, em 2011.
O casal acreditava que Dug era, sem dúvida, uma batata, e que o recorde seria deles. Por isso, guardaram a “relíquia” no congelador. “Parecia uma batata, sabia a batata, crescia como uma batata”, especificou Colin. “Por isso, concluí que fosse uma batata.”
Além disso, a descoberta subterrânea foi verificada várias vezes por especialistas em jardinagem, incluindo um agrónomo cujo trabalho é estudar o solo e a produção de culturas. “Ele estava muito confiante de que, sim, era obviamente uma batata”, recordou Colin. “Nunca houve qualquer dúvida de ninguém que olhasse para ela ou lhe tocasse.”
No entanto, os testes de ADN realizados por cientistas do Instituto de Investigação Vegetal e Alimentar da Nova Zelândia, bem como por analistas da Science and Advice for Scottish Agriculture (SASA), refutaram a suposta identidade de Dug.
“Tentámos fazer vários testes em amostras de [Dug], mas ele simplesmente não se estava a comportar como uma batata deveria”, disse Samantha Baldwin, investigadora do Instituto Neozelandês para a Investigação de Plantas e Alimentos, numa declaração fornecida ao The Washington Post. “Enviámos então amostras para a Escócia para uma análise mais aprofundada.”
“Dug é uma cabaça — acontece”, comentou Alex Reid, cientista da SASA. “Fizemos sequenciamento de ADN e descobrimos que este correspondia mais aos membros da família da cabaça.”
Na sequência da exaustiva investigação, Adam Millward, o editor do Guinness World Records, disse numa declaração: “Tem sido uma viagem fascinante, mas estamos contentes por termos chegado à raiz, ou melhor, ao tubérculo, deste assunto.”
Apesar dos resultados definitivos, os Craig-Browns continuam muito confusos, já que “nunca houve uma cabaça no jardim”. Alguma clareza veio alguns dias mais tarde quando, “após algumas noites sem dormir”, se aperceberam de uma possível explicação: a dada altura, cultivaram alguns pepinos híbridos — que são feitos a partir do cruzamento de duas variedades padrão de pepinos. Os pepinos de raça cruzada podem por vezes produzir plantas imprevisíveis. Como Dug.
Reconhecer que a amada batata não era uma verdadeira batata foi “difícil de digerir”, disse Colin. A notícia da identidade errada de Dug era “uma espécie de desfalque”, uma vez que ele ainda “tinha coisas para fazer e pessoas para ver, e prémios e celebrações para assistir”. Mas como foi o caso quando o encontraram pela primeira vez, esta é “uma das pequenas surpresas da mãe natureza”.
Para já, Dug vai continuar no congelador do casal, uma vez que os netos gostam de espreitar a batata peculiar que afinal nunca o foi. E, antes que se torne inevitavelmente tempo de se desfazer de Dug, Colin pretende “tirar um molde para que pelo menos os netos possam mostrar aos seus filhos a batata gigante”, disse Colin, acrescentando que independentemente da sua espécie, Dug continuará a viver como uma lenda familiar.