Retidos na Marinha dois fuzileiros suspeitos de agressões. “Ainda não foram notificados” pela polícia

Marinha diz que estão nas suas instalações “a responder a um inquérito interno e à disposição das autoridades policiais para as devidas investigações”. Militares suspeitos frequentam ginásio de boxe em Sesimbra e preparavam-se para partir numa missão das Nações Unidas nos próximos dias. Agente da PSP continua em coma.

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Quatro agentes foram agredidos à porta da discoteca Mome, em Lisboa BRUNO LISITA/ARQUIVO

Dois militares suspeitos das agressões a quatro agentes da PSP, na madrugada de sábado, em Lisboa, ficaram este domingo retidos em instalações da Marinha a aguardar a sua detenção formal pelas autoridades policiais. O PÚBLICO confirmou junto de fonte policial que em causa estão dois fuzileiros que estarão a frequentar o curso para primeiro marinheiro – posto anterior ao de cabo – na Escola de Fuzileiros, no Barreiro, e que também praticarão boxe num ginásio em Sesimbra. Os dois suspeitos preparavam-se para partir para uma missão das Nações Unidas nos próximos dias.

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Dois militares suspeitos das agressões a quatro agentes da PSP, na madrugada de sábado, em Lisboa, ficaram este domingo retidos em instalações da Marinha a aguardar a sua detenção formal pelas autoridades policiais. O PÚBLICO confirmou junto de fonte policial que em causa estão dois fuzileiros que estarão a frequentar o curso para primeiro marinheiro – posto anterior ao de cabo – na Escola de Fuzileiros, no Barreiro, e que também praticarão boxe num ginásio em Sesimbra. Os dois suspeitos preparavam-se para partir para uma missão das Nações Unidas nos próximos dias.

Pouco depois das 16h deste domingo, a Marinha explicou em comunicado que os dois suspeitos se apresentaram “na respectiva unidade” depois de terem “informado as respectivas chefias” de que se tinham envolvido em confrontos “junto de um espaço nocturno”, em Lisboa. Foi a própria Marinha que lhes ordenou que se apresentassem na unidade, “onde se encontram a responder a um inquérito interno e à disposição das autoridades policiais para as devidas investigações”. Estes militares, porém, “ainda não foram notificados por nenhuma entidade policial”, sublinhava a Marinha na tarde deste domingo.

A sua detenção estará dependente da emissão de um mandado de detenção fora de flagrante delito pelo Ministério Público quando toda a prova necessária estiver reunida. Além do mais, de acordo com o Código de Justiça Militar, a detenção de “militares na efectividade de serviço deve ser requisitada ao comandante, director ou chefe da unidade, estabelecimento ou órgão em que o militar preste serviço pelas autoridades judiciárias ou de polícia criminal competentes”. O PÚBLICO questionou este domingo a Procuradoria-Geral da República sobre se o Ministério Público tinha já emitido mandado, mas até à hora da publicação desta notícia não recebeu resposta. Um terceiro suspeito que já terá sido identificado pela PJ continuava a monte.

Segurança ilegal

“A Marinha Portuguesa encontra-se disponível para cooperar no que for necessário, com vista ao apuramento de todos os factos, sendo que não tolerará que nenhum militar seu tenha quaisquer comportamentos que violem a ética e os deveres militares”, acrescenta na nota enviada.

A outra linha de investigação em curso aponta para o facto de alguns suspeitos terem cadastro e serem conhecidos por fazerem segurança ilegal na noite de Lisboa.

No segundo dia da investigação ao caso, as averiguações da Polícia Judiciária já avançaram mais quanto às identificações dos homens envolvidos nas agressões, mas não se verificaram para já detenções, confirmou fonte da Polícia Judiciária (PJ) ao PÚBLICO. Um dos agentes da PSP continua em estado de coma no Hospital de São José, em Lisboa. Os outros três polícias já tiveram alta e já prestaram declarações à PJ.

Os agentes da PSP tinham decidido ir à discoteca Mome, na Avenida 24 de Julho, para uma noite de diversão. Eram 6h45 quando saíram da discoteca. Os primeiros dois verificam que uma discussão no exterior levara ao início de agressões entre seguranças do estabelecimento e um grupo com cerca de dez clientes. Decidem intervir, identificam-se como agentes da PSP e em poucos segundos ficam no meio dos dois grupos em contenda. Os outros dois polícias, que ficaram para trás para pagar, rapidamente aparecem e, querendo ajudar os colegas, são também alvo de agressões em longos minutos marcados por extrema violência e confusão.

Um dos agentes, com 30 anos, ficou no chão prostrado. Sem se conseguir levantar ou defender, foi alvo de sucessivos pontapés. Está internado em estado crítico, já tendo sido operado na tarde deste sábado. Os restantes foram também levados na altura para o hospital. São todos agentes da Esquadra de Alfragide, na Amadora, onde começaram a trabalhar depois de terem acabado o penúltimo curso de polícia da PSP, em Outubro de 2020.

Tentativa de homicídio

Os suspeitos fugiram do local e continuam a ser procurados pelas autoridades. O caso está a ser investigado pela PJ em conjunto com a PSP. As agressões “podem configurar a prática de crime de homicídio na forma tentada”, disse a PSP de Lisboa num comunicado enviado no sábado.

Os investigadores já requisitaram as imagens de videovigilância da discoteca Mome, assim como da Hype que fica próxima, mas ainda não é certo se são suficientes para identificar os agressores. Existirão, porém, algumas testemunhas que, a par dos três agentes livres de perigo, podem ajudar a dar mais pormenores à investigação. Ao longo dos últimos anos, o exterior destas discotecas tem sido palco de vários episódios de agressões, tendo algumas delas resultado em ferimentos graves.

Em comunicado, o Comando da PSP de Lisboa deu este sábado esclarecimentos sobre a situação dizendo que tinham ocorrido “agressões mútuas entre vários cidadãos”, que um dos grupos tinha “cerca de dez pessoas” e justificando que os agentes da PSP, “como era sua obrigação legal”, decidiram intervir “para tentar colocar termo às agressões”.

“Durante a acção policial, um dos polícias foi empurrado e caiu ao chão, onde continuou a ser agredido com diversos pontapés enquanto os restantes polícias continuavam também a defender-se das agressões”, descreve a PSP de Lisboa, que acrescenta que o agente que sofreu mais agressões está em estado crítico a “lutar pela vida”.